Portugal

Soldado Milhões: o português que enfrentou sozinho um batalhão de alemães

Notícias de Coimbra | 5 meses atrás em 12-12-2024

O nosso país tem uma história repleta de episódios que revelam a grande valentia dos portugueses. Já ouviu falar do homem que enfrentou um batalhão de alemães? Então fique a conhecer a história do soldado português que teve a força para enfrentar um batalhão.

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O nome deste soldado português que se tornou num herói da I Guerra Mundial é José Augusto Milhais. Ele tinha apenas 20 anos quando embarcou para um país que desconhecia para desempenhar o papel de soldado numa guerra realizada longe de Portugal.

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Os portugueses entraram na Primeira Guerra Mundial após muitas hesitações e polémicas. O argumento mais forte usado na época era a necessidade de defender as colónias, que supostamente eram cobiçadas pelos alemães. Além disso, a entrada de Portugal nesta guerra permitia a afirmação do prestígio internacional do nosso país. 

O apelo do Reino Unido permitiu acelerar a nossa entrada neste conflito. Inglaterra era um velho aliado de Portugal e teve um papel importante ao longo de séculos. Apesar da Batalha de Armentières ser assim conhecida pelos ingleses, entre os portugueses ficou conhecida como a Batalha de La Lys. O Corpo Expedicionário Português (CEP) ficaria dependente da British Expedicionary Force. 

José Augusto Milhais era um dos muitos jovens portugueses que se encontravam mobilizados para a Flandres, em plena I Guerra Mundial. Ele era um homem de pequena estatura. O soldado Milhais tinha apenas 1,55m. 

Por ser um homem baixo, muitas pessoas não esperavam muito dele. Contudo, no dia 9 de abril de 1918, ele comprovou que os homens não se medem aos palmos. Foi nesse dia que aconteceu o momento histórico que tornou este homem num herói nacional. 

Num contexto em que a ofensiva dos alemães se fazia sentir, eles pretendiam abrir brechas na frente aliada levando os exércitos britânicos (onde estava integrado o CEP) para o mar. Para abrir caminho até França, surgiu um herói português.

A investida da artilharia alemã tinha sido feroz sobre as posições do CEP. Os alemães queriam aproveitar a extenuação dos nossos soldados e a falta de reservas humanas e materiais que eles apresentavam. 

A derrota dos flancos britânicos era evidente. Eles tinham sido surpreendidos com o ataque dos alemães. Ora, esse cenário deixava a força dos portugueses fragilizada. Os nossos soldados estavam sem apoios. 

O CEP tinha ficado despedaçado durante a batalha de La Liz. Coube ao soldado José Augusto Milhais ficar para trás para assumir uma tarefa de grande responsabilidade: dar cobertura à sua unidade com a ajuda de uma metralhadora. 

O CEP sofreu baixas pesadas ao longo do tempo. Restavam soldados que vinham de pequenos grupos e que se encontravam integrados no exército britânico.

Sozinho, o soldado português ficou atrás das linhas alemãs. No entanto, não se deixou entregar a um destino previsível. Enfrentou um batalhão de alemães com a coragem de um herói lusitano e com a sua amada metralhadora. Ele deu-lhe um nome: era Luísa ou Luisinha.

Segundo rezam as crónicas, nesse dia, muitos portugueses foram mortos. Os poucos que sobreviveram foram obrigados a partir em retirada. Havia a ordem de evacuar. Todos os soldados deveriam obedecer. No entanto, Aníbal Augusto Milhais era um homem incomum e decidiu desrespeitar e disponibilizou-se a permanecer para defender os outros. 

O soldado Milhais disse-lhes: “- Vão-se embora. Eu protejo a vossa retirada!” Foi um gesto grande, feito por um soldado pequeno. Essa decisão permitiu aumentar as possibilidades dos sobreviventes que queriam fazer a sua retirada. Ele arriscou ser punido por desobedecer às ordens. No entanto, recusou abandonar a sua posição e optou por enfrentar o inimigo sozinho! 

Neste cenário, em que se encontrava afastado e perdido dos seus camaradas, José Augusto Milhais ficou cercado pelas tropas alemãs, havendo a necessidade de ir 

recuando sozinho, para ocupar posições estratégias que permitissem que ele disparasse, algo que ele fazia sempre que podia ou necessitava, para atrasar o batalhão alemão.

Foi desta forma que José Augusto Milhais provou que não era um homem comum. Ele conseguiu proteger a retirada dos camaradas com os tiros certeiros que saiam da sua metralhadora. A sua única companheira ao longo deste momento que ficou para a história do exército português. 

José Augusto Milhais conseguiu assim dar apoio a grupos de soldados portugueses ou aliados pelo caminho. Além disso, este soldado português ainda conseguiu salvar um oficial escocês de morrer afogado.

Ele só conseguiu chegar junto das tropas portuguesas vários dias depois. Devido ao Soldado Milhões, a maioria dos soldados que fugiu sobreviveu. O seu feito fez com que José Augusto Milhais conquistasse o respeito de todos os militares. 

Ele garantiu com a sua proeza a mais alta condecoração do país, a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Ele foi batizado Soldado Milhões pelos colegas, que reconheceram a incrível valentia do herói português.

O Parlamento também lhe prestou uma homenagem no dia 5 de julho de 1924, pois alterou o nome da povoação de Valongo, presente no distrito de Vila Real, para Valongo de Milhais. Desta forma, a aldeia natal do Soldado Milhões mudou de nome em honra deste herói português. 

Este episódio histórico que será para sempre recordado pelos militares portugueses como um exemplo da valentia do soldado luso teve direito a ser imortalizado num filme.  Soldado Milhões (2018) é um filme de Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa que se centra neste momento em que José Augusto Milhais se tornou num herói português da Primeira Guerra Mundial

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