Portugal

Manuel Rocha afirma Fausto Bordalo Dias foi brilhante a contar a História de Portugal

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 01-07-2024

Fausto Bordalo Dias, que morreu hoje de doença aos 75 anos, contou a História de Portugal com reconhecido sucesso através da música, disse o seu amigo Manuel Rocha à agência Lusa.

“O Fausto é capaz de ser o homem que da forma mais brilhante fez a nossa história em canções”, afirmou o professor de música e violinista da Brigada Victor Jara, uma cooperativa cultural que tem sede em Coimbra.

Na sua opinião, o autor do LP “Por este rio acima” (1982) foi “um cantor talentoso” que, ao longo de décadas, abordou na sua obra “toda a sujidade e a excelência de uma gesta histórica” dos portugueses no mundo, designadamente enquanto protagonistas dos Descobrimentos.

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Na produção discográfica, durante cerca de 55 anos, Fausto cantou sobre “as facetas do horrível e da humanidade” na História de Portugal, conseguindo reunir na sua obra “a luta de classes, a ecologia e o amor”, referiu.

No disco “Madrugada dos trapeiros” (1977), o tema ecologista “Rosalinda” já “marca o tempo da reação à utilização da energia nuclear” e da defesa da natureza, recordou Manuel Rocha.

Em 1994, o membro da Brigada Victor Jara e os companheiros de Coimbra Amadeu Magalhães e Fernando Meireles, entre outros músicos, participaram na gravação do álbum duplo “Crónicas da terra ardente”, inspirado na “História trágico-marítima”, o segundo disco da trilogia “Lusitana Diáspora”, depois de “Por este rio acima”, de 1982, e antes de “Em busca das montanhas azuis”, o seu derradeiro álbum, de 2011.

“Perdemos um grande nome e uma figura importantíssima da música portuguesa”, comentou.

Para Manuel Rocha, o LP “Para além das cordilheiras” (1989), com que venceu o Prémio José Afonso e em que trata “a relação de Portugal com a Europa”, acabou por impor-se como “um dos discos mais belos” da música nacional.

Em finais dos anos de 1960, a adesão do jovem ao movimento associativo, em Lisboa, aproximou-o de artistas como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e, mais tarde, José Mário Branco e Luís Cília, que estavam exilados em França.

Nessa época, gravou “Chora, amigo chora”, que em 1969 lhe deu o Prémio Revelação do antigo programa de rádio “Página Um”, transmitido pela Rádio Renascença.

“Pró que der e vier” (1974) e “Beco sem saída” (1975) são os seus dois trabalhos iniciais marcados pela experiência revolucionária do 25 de Abril.

Seguiram-se “Madrugada dos trapeiros” (1977), que inclui a canção ecologista “Rosalinda”, “Histórias de viajeiros” (1979), que abre já caminho a “Por este rio acima” (1982), o seu maior sucesso, inspirado na obra “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto.

Com “Para além das cordilheiras” (1989), venceu o Prémio José Afonso.

“O despertar dos alquimistas”, “A preto e branco” e “Crónicas da terra ardente” são outros dos seus álbuns.

Em 2003, compôs “A ópera mágica do cantor maldito” (2003), uma perspetiva sobre a história portuguesa do pós-25 de Abril.

Em 2009, com José Mário Branco e Sérgio Godinho, fez o espetáculo “Três cantos”, sobre o reportório dos três músicos, que depois deu origem a um álbum com o mesmo nome.

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