Potenciar o que de bom sempre existiu na casa gandaresa e, sobretudo, experienciá-la. É este o caminho idealizado pela presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Helena Teodósio, para a recuperação e dinamização destes imóveis característicos da Gândara e de elevado potencial turístico.
Ao intervir na conferência promovida pelo Jornal de Notícias intitulada “Para Lá das Massas. Turismo e Comunidades Locais”, e especificamente no painel dedicado ao projeto Gândara TourSensations, que une Cantanhede aos municípios vizinhos de Mira e Vagos, a autarca realçou que “apesar da sua arquitetura simples e discreta”, a casa gandaresa proporciona “uma experiência especial” a quem nela habita.
“Se recuarmos aos tempos da nossa infância, pelo menos à infância dos da minha geração, encontrávamos na Gândara, em toda ela, vivências e costumes similares, formas de apropriação do espaço com uma identidade muito própria”, recordou, adiantando que é preciso “projetar o que de bom existe na casa gandaresa”. “Temos a obrigação de a salvar”, vincou, apelando à concertação de esforços com os municípios de Mira e Vagos para a definição de um plano estratégico para potenciar este produto.
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O projeto Gândara TourSensations, cuja conceção tem na base a tese de doutoramento de Dina Ramos, docente da Universidade de Aveiro, visa a preservação da casa gandaresa, promovendo a sua valorização e inventariação como património comum ao território dos três concelhos, assim como a criação de uma rede de alojamento local baseada em imóveis com essa arquitetura tradicional.
O projeto é financiado a 80% pelo Turismo de Portugal, mas Helena Teodósio acredita que “a Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra terá uma palavra forte a dizer” na sua continuidade, que pressupõe um reforço desse apoio.
Acompanhada dos seus homólogos de Mira e Vagos, Raul Almeida e Silvério Regalado, respetivamente, e de Dina Ramos, no painel de debate, a autarca cantanhedense garantiu também que o Município está recetivo a facilitar a recuperação destes imóveis – foram identificados 3.642 nos três municípios, no âmbito do trabalho académico.
“O que estamos a perspetivar é a criação de um regime de incentivos para estimular os proprietários a apostarem na preservação dos imóveis, o que pode passar pela redução de taxas camarárias e/ou por uma taxa bonificada do IMI entre outras situações admissíveis por lei”, referiu.
Presente na abertura da conferência, o secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda, elogiou o projeto Gândara TourSensations, destacando a sua genuinidade e autenticidade.
“Temos que puxar pelos territórios com enorme potencial turístico e a Gândara é um deles”, afirmou, adiantando que “a valorização do património material e imaterial” podem fazer a diferença na valorização turística.
“Este projeto [Gândara TourSensations] dá um contributo importante não apenas ao turismo, mas igualmente ao desenvolvimento regional e tem caminho para fazer”, observou, saudando os autarcas dos três municípios “pelo trabalho conjunto” na afirmação da Gândara.
A abertura da conferência, que decorreu em Vagos, ficou marcada pela recriação histórica do trabalho laborioso das gentes gandaresas, pelo Grupo Folclórico Cancioneiro de Cantanhede.
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