Vítor Fajardo, de 45 anos, natural da Figueira da Foz, é suspeito de ser um dos maiores burlões com falsos investimentos em criptomoedas a nível europeu. Foi detido pela Guardia Civil em Valência, Espanha, e já foi presente a um juiz que o deixou sair em liberdade durante a fase de instrução.
A detenção foi anunciada pela Guardia Civil no domingo, dia 2 de janeiro. Numa nota de imprensa a que o Notícias de Coimbra teve acesso, a polícia imputa ao português “sete crimes de fraude e branqueamento de capitais”, dando conta da apreensão de património num valor que ascende a dois milhões de euros, entre dinheiro em contas bancárias, carros topo de gama e outros bens.
Vítor Fajardo reside em Espanha desde 2019, mas foi na Figueira da Foz, onde nasceu, que passou grande parte da sua vida. Estudou na Secundária Dr. Bernardino Machado e na Escola Comercial e Industrial local. Tem um irmão e uma irmã e os pais foram proprietários de um restaurante na zona do Largo Luís de Camões, conhecida como Praça Velha. No local, onde o Notícias de Coimbra esteve hoje, muitos recordaram o empresário como “uma pessoa pacífica e que vivia no mundo da lua”. Embora sem quererem dar entrevistas, vários conhecidos revelaram que é uma pessoa “afável” mas sempre “metido nos seus negócios”.
Foi também em Portugal, entre Coimbra e a Figueira da Foz, que entrou no mundo das criptomoedas. Nas redes sociais publicou vários vídeos gravados na sua cidade natal e anúncios de eventos relacionados com o negócio que decorreram em hotéis conimbricenses. Nalguns deles explica o funcionamento do método de enriquecimento, que a polícia espanhola agora revelou tratar-se do “esquema ponzi”, uma operação fraudulenta sofisticada de investimento em pirâmide que envolve a promessa de pagamento de rendimentos anormalmente altos aos investidores à custa do dinheiro pago pelos investidores que chegarem posteriormente.
“O detido tinha criado uma alegada plataforma de investimento em criptomoedas num site, que foi dado a conhecer através de vários fóruns, programas de rádio, eventos desportivos e até movimentos de caridade, com o objetivo de captar a atenção e o investimento de numerosas pessoas em Espanha e Portugal”, refere a Guardia Civil no comunicado. “A plataforma oferecia um retorno mínimo de 2,5% por semana aos investidores, dependendo do montante que contribuíram”, acrescenta.
O figueirense usava “os investimentos realizados pelas vítimas para manter o seu elevado nível de vida através da compra de veículos topo de gama, viagens ou mesmo refeições”, descreve a polícia.
As autoridades garantem que foram identificadas várias pessoas lesadas em Portugal e Espanha, mas também na Suíça e no Luxemburgo. Terá sido uma dessas vítimas, uma mulher, que contratou detetives privados depois de investir 150 mil euros sem ter o retorno esperado. A empresa privada colaborou com a polícia espanhola para desmontar o esquema.
A operação culminou no primeiro fim de semana do ano com três buscas, uma à sede da empresa de criptomoedas, outra num edifício onde estavam ocultados grande parte dos bens de Vítor Fajardo, como os 13 carros de alta cilindrada, e uma outra à residência do figueirense em Valência, onde acabou por ser feita a detenção.
O processo deu entrada no Juzgado de Instrucción nº 3 de Valencia e o português já foi presente a tribunal. O juiz determinou que vai aguardar o julgamento em liberdade.
O figueirense explica o negócio em vídeos publicados no Facebook:
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Veja o vídeo da detenção:
Detenido en Valencia a uno de los mayores estafadores con falsas inversiones en criptomonedas a nivel europeo. Se han intervenido 7 vehículos de alta gama, dispositivos electrónicos y diversa documentación.https://t.co/8V0CxGfKTn pic.twitter.com/s3MeZssw6K
— Guardia Civil (@guardiacivil) January 2, 2022
Veja o direto NDC na Figueira da Foz, onde o suspeito cresceu:
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