O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o maior do país, tem centenas de enfermeiros que aguardam a conclusão do processo avaliativo SIADAP, que lhes confere pontos necessários para subir de escalão remuneratório. A situação verifica-se noutros estabelecimentos do SNS.
Noutros anos, os enfermeiros receberam o novo ordenado no mês de abril, com retroativos a janeiro. Mas, este ano, os responsáveis do CHUC alegam que a pandemia atrasou o processo. Numa reunião entre elementos do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), realizada em julho último, e que contou com a participação da enfermeira diretora e com o responsável de recursos humanos do CHUC, foi adiantado que a situação ficaria resolvida em setembro. No entanto, veio outubro e continua por resolver.
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Nesta altura, existem situações de enfermeiros que trabalham há mais de 20 anos no CHUC – é o caso de João Costa e Marta Soares – que ainda se encontram no primeiro escalão remuneratório da profissão. João Costa trabalha há 23 no CHUC. Já sabe que terá direito a dois pontos na avaliação 2019-2020, suficientes para amealhar os 10 pontos necessários para, pela primeira vez na sua carreira, subir de escalão remuneratório. No entanto, ainda não pode usufruir desse acréscimo de remuneração porque o processo avaliativo não está concluído.
“É verdade que tivemos que combater a covid, os enfermeiros sabem-no bem. Mas tinha de haver uma especial sensibilidade, por parte dos responsáveis do CHUC, em criar as condições necessárias para que colegas com 20 anos de trabalho possam ter a sua primeira promoção”, defende Nuno Couceiro, coordenador do Sindepor na região centro. “Com desconsiderações e falta de respeito como estas, a que se juntam muitas outras, acho que todos percebemos por que é que os enfermeiros avançaram para a greve de 3 e 4 de novembro”, acrescenta o sindicalista.
“Convém referir que estamos a falar de pessoas licenciadas que, se não fizerem horas extraordinárias ou turnos, recebem pouco mais de 900 euros – por isso é que precisam de recorrer a um segundo emprego – numa altura em que já se fala numa subida do ordenado mínimo para 850 euros”, destaca Nuno Couceiro, que lamenta: “No setor público ou privado nenhum trabalhador aguenta estar mais de duas décadas sem uma promoção e, quando ela finalmente chega, ainda protelar a decisão!”
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