Política

Politólogo diz que sondagens são instrumento “necessariamente imperfeito”

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 29-09-2021

O politólogo Carlos Jalali defendeu hoje que as sondagens são um instrumento “necessariamente imperfeito” e “nunca são uma previsão exata”, pelo que devem ser interpretadas “com bastantes cautelas”, e alertou para a complexidade de previsão em eleições autárquicas.

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“As sondagens devem ser sempre tratadas como instrumento de informação, mas que é necessariamente imperfeito, não são nem nunca pretendem ser uma previsão exata daquilo que vai acontecer, até porque a realidade é dinâmica e o futuro não é possível de prever”, afirmou.

Em declarações à Lusa, o professor de Ciência Política da Universidade de Aveiro alertou que “as sondagens são sempre uma fotografia do momento e a realidade pode alterar-se”.

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Por isso, considerou que as projeções dos resultados eleitorais devem “sempre ser interpretadas com bastantes cautelas e com noção de que nunca são uma previsão exata do que vai acontecer”.

Apontando que “há uma série de fatores que explicam” o facto de as sondagens das últimas semanas terem apontado, por exemplo em Lisboa, que Fernando Medina seria reeleito presidente da câmara e depois de apurados os resultados o candidato mais votado ter sido Carlos Moedas, o professor destacou que “as sondagens em eleições autárquicas são porventura mais complexas do que noutros níveis”.

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Carlos Jalali elencou que, como em eleições autárquicas, “ganha quem tem mais votos e perdem todos os outros”, isso faz com que a ordenação “se torne muito importante”.

“A sondagem diz que o candidato A tem 21%, o B tem 20%, mas depois o B é que ganha, dizemos que a sondagem falhou. Bem, falhou porque a ordenação não está certa, mas a diferença estaria dentro da margem de erro”, exemplificou.

Outra das questões prende-se com a necessidade de assegurar que os entrevistados “são eleitores daquele concelho” e indicou que “há muitas pessoas que depois não votam, mas que na sondagem dizem que vão votar”.

Isso leva a que “aquilo que é o padrão dos que efetivamente vão votar” possa “ser diferente dos que diziam na sondagem que vão votar”.

O que aconteceu em Lisboa, na sua opinião, foi “sobretudo uma queda na votação do PS”, até porque o resultado da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança “não é muito distante da soma de PSD e CDS nas anteriores eleições”.

Sobre a leitura nacional das eleições autárquicas, Carlos Jalali foi cauteloso e disse não ter “essa capacidade de prever” o que poderá acontecer em eleições legislativas, apontando que “vai depender muito das escolhas e as ações do PS no Governo e a sua capacidade ou falta dela a nível governativo, a capacidade ou falta dela a nível de oposição do PSD e dos outros partidos também”.

“Estas eleições o que sinalizaram de forma bastante clara é que os dois partidos do centro conjuntamente valem, e não é um fenómeno de agora, é um fenómeno que começa a partir de finais dos anos 2000, valem bastante menos do que valiam juntos em termos de peso eleitoral entre 1987 e 2005”, defendeu.

E considerou que “essa fragmentação e disponibilidade dos eleitores em procurarem outras opções também ficou evidente” nas eleições de domingo.

Quanto à abstenção, a segunda mais alta em autárquicas (46,35%), Carlos Jalali considerou que pode ser justificada com a emigração e também com “atitudes e opiniões em relação ao sistema político, de descontentamento e mais do que descontentamento, desinteresse pela vida política”.

Por isso, é uma questão importante para “a sociedade portuguesa e as instituições políticas debaterem aprofundadamente e refletirem”, indicou o professor de Ciência Política, defendendo que “votar é fundamentalmente um hábito que se adquire, sobretudo nas primeiras eleições” em que o cidadão o pode fazer.

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