O presidente do Infarmed negou hoje que existam alterações aos contratos entre o país e as farmacêuticas responsáveis pelas vacinas contra a covid-19, após o anúncio da recomendação da vacina da AstraZeneca para a população acima dos 60 anos.
“Em relação aos contratos não há nenhuma alteração. Posso até adiantar que amanhã [sexta-feira] irá haver uma reunião com várias das empresas com que há contratos, entre as quais a AstraZeneca”, revelou Rui Santos Ivo, numa conferência de imprensa realizada na sede da Autoridade Nacional do Medicamento, em Lisboa.
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Acompanhado também pelo coordenador da ‘task force’ do plano de vacinação, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, e da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, o líder do Infarmed recordou as conclusões da Agência Europeia do Medicamento (EMA) acerca da utilização da vacina da AstraZeneca e a ocorrência de fenómenos trombóticos para enfatizar que “são extremamente raros”.
“Quando dizemos que há uma possível ligação, no fundo, isto tem sobretudo a ver com a monitorização que é feita destes eventos adversos. Estamos a identificá-los porque estamos a utilizar a vacina numa larga escala: há mais de 30 milhões de vacinas administradas. À medida que identificámos um número maior, foi possível fazer uma relação entre a administração da vacina e esses fenómenos. Não podemos excluir essa possibilidade. No entanto, não se identificou ainda nenhum fator específico para esses fenómenos”, observou.
Paralelamente, Rui Santos Ivo lembrou que “os benefícios continuam a superar os riscos” no recurso à vacina da AstraZeneca para o combate à covid-19 e assinalou que a restrição etária hoje recomendada está fundamentada na relação entre os fenómenos trombóticos registados e a idade das pessoas vacinadas.
“À medida que a idade avança, o risco de complicações da covid-19 aumenta e diminui o risco de eventos trombóticos. Acima dos 60 anos não se identificou uma associação entre a utilização da vacina e estes fenómenos trombóticos”, sublinhou.
E o presidente do Infarmed adiantou ainda que foram reportadas até este momento em Portugal somente “duas situações” de tromboembolismos na sequência da vacinação contra a covid-19, sendo que um caso foi com a vacina da AstraZeneca e o outro esteve ligado a outra das vacinas atualmente utilizadas no plano de vacinação.
Vários países já decidiram, entretanto, traçar limites e não administrar a vacina da AstraZeneca abaixo de certas idades por uma questão de segurança: 30 anos no Reino Unido, 55 anos em França, Bélgica e Canadá, 60 anos na Alemanha, Itália e nos Países Baixos ou 65 anos na Suécia e na Finlândia.
Na quarta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) indicou uma “possível ligação” entre a vacina da farmacêutica AstraZeneca e “casos muito raros” de formação de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco face aos riscos de efeitos secundários, dada a gravidade da pandemia. No mesmo dia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que essa ligação é “plausível, mas não confirmada”, considerando que são necessários estudos especializados.
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