Coimbra

Médicos apelam “às pessoas mais frágeis” para que se vacinem para a gripe sazonal

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 02-10-2020

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, apelou hoje “às pessoas mais frágeis” para que se vacinem para a gripe sazonal, frisando que “de forma indireta” essa proteção tem efeitos na transmissibilidade do novo coronavírus.

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE

“É muito importante que as pessoas mais frágeis, as pessoas de maior risco – como estão definidas e bem pela Direção-Geral da Saúde – se vacinem [para a gripe sazonal]. A vacina não é obrigatória, mas era importante que as pessoas com mais de 65 anos se vacinem”, disse Miguel Guimarães, somando aos prioritários as grávidas e os profissionais de saúde, entre outros.

O bastonário da OM sublinhou que a proteção para a gripe sazonal “de certa forma também acaba por proteger indiretamente para a SARS-CoV-2 [novo coronavírus]”.

“Se uma pessoa tiver o vírus da gripe sazonal e simultaneamente o vírus SARS-CoV-2, evidentemente que o efeito em termos lesivos das várias estruturas, nomeadamente dos pulmões, pode ser potenciado”, apontou.

Já sobre a vacinação da restante população, Miguel Guimarães disse que “é recomendável em função da conversa que cada um tenha com o seu médico assistente”.

“Isto limita a transmissão da gripe sazonal. Penso que a própria utilização de máscara e a manutenção de medidas como distanciamento social também vão ajudar”, concluiu.

Miguel Guimarães falava aos jornalistas, no Porto, no encerramento de uma sessão de apresentação de três estudos sobre a taxa de prevalência do novo coronavírus em profissionais de saúde e na população em geral.

Os estudos estão a ser levados a cabo pela Fundação Vox Populi, Fundação Manuel Viegas Guerreiro, Fundação The Claude and Sofia Marion Foundation, Fundação Álvaro Carvalho e Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa.

Na apresentação de dados preliminares sobre um deles – o dedicado aos profissionais de saúde – Francisco Antunes, que foi diretor do Serviço de infecciologia do Hospital de Santa Maria e é professor jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, também defendeu a importância da vacina da gripe para grupos de risco.

“As pessoas mais vulneráveis não são apenas os idosos. São todas as pessoas com doenças que agravam a evolução da infeção por SARS-CoV-2: doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, doenças do foro imunológico, doenças relacionadas com patologia renal, cardiovasculares, entre outras”, enumerou.

Francisco Antunes socorreu-se de um estudo brasileiro que incide nas pessoas idosas, para apontar a convicção de que a vacinação para a gripe “reduz os internamentos nas unidades de cuidados intensivos em cerca de 10%” e “reduz cerca de 20% a mortalidade associada à covid-19”, acrescentou.

“Comparativamente doentes vacinados contra a gripe e doentes não vacinados, há uma diferença substancial relativamente aos benefícios da vacina da gripe na covid-19”, frisou.

O médico infecciologista também procurou desmistificar o que se tem vindo a dizer sobre atuais e possíveis futuras vacinas para a covid-19, bem como a sua eficácia a curto e médio prazo.

“Neste momento não há nenhuma vacina [para o novo coronavírus] disponível. Há vacinas disponíveis do ponto de vista político, mas na realidade não há. Nenhuma das vacinas que estão a ser avaliadas demonstraram que de facto são vacinas seguras e eficazes”, defendeu.

O especialista referiu que “mesmo aparecendo uma vacina”, esta “terá uma eficácia relativa” que “provavelmente não será igual para todos os grupos”.

“E qual é a durabilidade da vacina? Admite-se que possa ter uma durabilidade de eficácia, isto é possa produzir imunidade protetora, até 12 ou 18 meses. Esta estimativa de proteção é muito relativa, tendo em consideração que este vírus vai continuar a circular com vacina ou sem vacina”, desenvolveu Francisco Antunes.

Lembrando que “a outra forma de conter a epidemia é a imunidade de grupo”, o especialista adiantou que “se perspetiva [referindo-se a estudos que estão a ser desenvolvidos pela comunidade cientifica em todo o mundo] que a diminuição do risco da infeção aumente quando se atingir os 60% [de imunidade de grupo]”.

“Nós ainda estamos em 3 ou 4%”, destacou, atirando que “não existem bolas mágicas” até porque existem “dificuldades na distribuição da vacina” e “populações sem acesso a injetáveis”, entre outros aspetos.

“Nesta próxima geração, não se pode pensar que a vacina nos vai livrar da máscara ou do distanciamento e da lavagem das mãos. Com vacina ou sem vacina, vamos continuar a viver desta forma”, concluiu. 

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE