Coimbra
Empresários do distrito de Coimbra alertam para falhas no acesso ao crédito
Quatro associações empresariais do interior do distrito de Coimbra alertaram hoje que as empresas “estão a desesperar” por não conseguirem aceder às linhas de crédito disponibilizadas pelo Governo.
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“É imperativo que esta situação se solucione com a maior urgência, pois estamos a assistir ao enfraquecimento das empresas, pondo em alguns casos em risco a sua continuidade”, afirmam, em comunicado, a Associação Empresarial Serra da Lousã, a Associação Empresarial de Poiares, o Clube de Empresários de Miranda do Corvo e o Núcleo Empresarial de Penela.
Os atrasos estão, “em primeiro lugar”, relacionados com “a forma como estas linhas estão a ser lançadas”, referem aquelas estruturas, no contexto dos problemas criados às empresas pela pandemia da covid-19.
Segundo as organizações, verifica-se “falta de clareza sobre quem pode aceder” às linhas de crédito, bem como “quais os limites e que documentação têm as empresas de entregar” para o efeito.
“Alguns bancos estão a burocratizar todo este processo, pedindo documentação que neste momento não é possível entregar, como por exemplo as prestações de contas (…) de 2019, que foram adiadas para 30 de junho”, lamentam.
Por outro lado, as sociedades de garantia mútua, “por algum motivo, não estão a aprovar os empréstimos enviados pelos bancos”, acentuam.
As quatro associações, “em representação de mais de 3.000 empresários da região, continuam perplexas com o facto de (…) ainda não ter chegado às empresas da região qualquer euro das linhas de crédito disponibilizadas” pelo Governo.
“Já hoje, 20 de abril, as empresas precisam de recursos para pagar diversos impostos, como a Segurança Social e as retenções do IRS. E, no dia 30, temos de proceder ao pagamento de salários, além de muitas outras despesas que chegam todos os dias”, disse à agência Lusa Carlos Alves, presidente da Associação Empresarial Serra da Lousã, com sede na Lousã.
Para Carlos Alves, “não é concebível uma empresa, seja de que dimensão for, neste momento de crise sem precedentes, estar mais de um mês a aguardar a aprovação de um empréstimo, sem ter ainda qualquer tipo de previsão ou garantia” relativamente ao seu pedido.
“Este deveria ser um processo simples, ágil e claro. Como é que uma empresa há mais de 30 dias sem faturar consegue fazer estes pagamentos?”, questionou.
Na nota, as quatro entidades apelam aos associados para se manterem “firmes ao leme dos seus negócios e que não desistam”.
“Vamos reerguer a nossa economia e acreditamos que até ao fim de abril o dinheiro destas linhas deve chegar”, acrescentam.
Até hoje, Portugal regista 735 mortos associados à covid-19 em 20.863 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 21 mortos (+2,9%) e mais 657 casos de infeção (+3,3%).
Das pessoas infetadas, 1.208 estão hospitalizadas, das quais 215 em unidades de cuidados intensivos, e mantém-se as 610 dadas como curadas.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais”.
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