Coimbra
Longe dos ataques pessoais, Marisa Matias fez campanha pelo clima, emprego e contra abstenção

Contra uma campanha de “ataques pessoais”, a primeira candidata do BE ao Parlamento Europeu, Marisa Matias, focou-se nos temas europeus e na sua relação com Portugal, apontou à abstenção e criticou o PS pela “aliança bizarra” com os liberais.
Na primeira ação do período de campanha oficial, uma visita a uma escola no centro de Lisboa, Marisa Matias prometeu ficar longe dos ataques pessoais ou da troca de piadas, avisando que este caminho iria aumentar a abstenção, o grande “alvo a abater”.
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O objetivo da eurodeputada do BE recandidata era claro: falar de questões europeias, focar o debate nas eleições de domingo, nas quais as alterações climáticas e o emprego assumem o centro da política para os bloquistas e lembrar que “as políticas europeias têm impactos em todas as dimensões da vida das pessoas em Portugal”.
Em declarações à agência Lusa, em jeito de balanço, e questionada sobre esta decisão, a eurodeputada recandidata assume: “eu sei que isto pode parecer um bocadinho ingénuo, mas eu ainda acredito que um dia vamos ser capazes de fazer política a discutir política”.
“Obviamente que há alturas em que temos que debater política e há confrontação, mas isso pode ser feito sem ataques pessoais. Se isso retira [a campanha] dos holofotes, já não é uma decisão minha”, explica.
Na primeira semana, Marisa Matias quis visitar o Portugal mais esquecido – desde as minas na Panasqueira, no Fundão, à pequena aldeia de Alferce, em Monchique, que ardeu o ano passado ou uma viagem de comboio em Beja -, em ações com menos cor e menos bandeiras.
Depois do já tradicional “mega-almoço” em Lisboa a meio do período oficial de campanha, naquela que foi até ao momento a maior concentração da família bloquista nesta corrida eleitoral, a caravana chegou aos mercados e às feiras e teve mais arruadas.
“Quando nós vamos à rua e conversamos com as pessoas é sem rede, não sabemos sobre o que é que elas nos vão falar. Obviamente, se é para falar com as pessoas é para ouvi-las mesmo e depois não falar de outra coisa qualquer que não tem nada a ver com aquilo que as pessoas nos dizem”, justifica.
Tal como previsto, a coordenadora bloquista, Catarina Martins, esteve praticamente todos os dias presente em algum momento da campanha, quase sempre nos comícios, e assumiu a responsabilidade dos discursos mais virados para o “consumo interno” nacional e as farpas aos opositores políticos.
Foi em Braga que cerrou fileiras “à desfaçatez” da direita em momento de pedir votos e agradeceu, ironicamente, a entrada de Passos Coelho e Paulo Portas nas respetivas campanhas, os rostos que lembram a importância do acordo assinado com o PS em 2015.
Este acordo inédito de incidência parlamentar e os seus dossiês mais tensos, como a Lei de Bases da Saúde, a legislação laboral e os cuidadores informais, não ficaram fora da mira da primeira candidata do BE ao Parlamento Europeu, que insistiu, em diferentes momentos, que ainda há tempo para o PS seguir o rumo que os bloquistas pretendem.
A “aliança bizarra” nestas europeias entre o primeiro-ministro, António Costa, a “direita liberal” do Presidente francês, Emmanuel Macron, foi duramente criticada por Marisa Matias, mais do que uma vez, que chegou a pedir a Costa que esclarecesse qual o caminho que queria seguir: se aquele que foi conseguido em Portugal, de recuperação de salários e direitos, ou a sua antítese.
O número dois da lista, José Gusmão – cuja eleição através do “aumento de representação” é a grande meta para eleições de domingo – esteve sempre presente na caravana bloquista e também atirou ao PS.
“Aumentar a representação no Parlamento Europeu é mais um mandato ou mais mandatos, não há outra forma de o fazer. Não contabilizo porque eu tenho mesmo muito respeito pelo voto das pessoas”, justifica, recusando “dar como favas contadas aquilo que pode ser uma tendência” das sondagens.
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