Cidade

Cientistas em Coimbra a caminho do planeta Mercúrio

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 28-03-2019
 

Uma missão das agências espaciais europeia e japonesa a Mercúrio, um planeta que ainda é um grande mistério, vai permitir perceber melhor a origem e evolução de planetas como a Terra, afirmou hoje, em Coimbra, um dos coordenadores científicos.

“Nós não percebemos muito bem a origem da Terra. Não há informação suficiente na Terra, porque é demasiado ativa e Mercúrio, que é como a Terra, ainda tem informação sobre o passado. A informação que iremos recolher é importante também para perceber a origem, a formação e a evolução de planetas como a Terra”, disse hoje o coordenador científico da equipa japonesa, Go Murakami, que falava aos jornalistas no âmbito da passagem do projeto por Coimbra, onde realiza um ‘workshop’ de três dias com jovens cientistas.

PUBLICIDADE

publicidade

A BepiColombo, uma missão conjunta da agência espacial europeia (ESA) e da agência espacial japonesa JAXA, arrancou em outubro de 2018 e deverá demorar sete anos até chegar a Mercúrio, um planeta que continua a ser uma grande incógnita.

PUBLICIDADE

“A Terra tem um campo magnético, que consegue ser uma barreira contra o vento solar. Sem barreira, pode ficar afetado o ambiente do planeta. Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, tem um campo magnético fraco e não conseguimos perceber como consegue funcionar contra um vento solar tão forte”, salientou Go Murakami, tendo como expectativa que os dados recolhidos nesta missão possam ajudar a responder a várias das perguntas sobre aquele planeta do sistema solar.

Segundo o cientista japonês, a atual missão assume várias vantagens relativamente à última realizada em Mercúrio (pela agência americana NASA), em que a sonda MESSENGER esteve em órbita de Mercúrio durante quatro anos, entre 2011 e 2015.

Para além de serem duas sondas – o que aumenta as probabilidades de sucesso -, a sonda japonesa está “completamente dedicada” ao estudo do ambiente do planeta.

“Só temos sete anos para conseguir perceber que medidas precisamos para resolver o ‘puzzle’, o incógnito de Mercúrio. É um mistério. Ninguém percebe, por exemplo, porque é que ainda há um campo magnético de origem no núcleo de Mercúrio, tal como acontece na Terra”, salientou Joana Oliveira, cientista formada na Universidade de Coimbra e que participa no projeto, estando a realizar um pós-doutoramento na ESA.

Com esta missão, explicou, espera-se “ter muitos mais dados e avançar muito mais” no conhecimento sobre Mercúrio.

Para além do conhecimento sobre Mercúrio, a missão também é importante pelos dados que recolhe no caminho de sete anos até ao planeta, constatou Nuno Peixinho, astrónomo do Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra, onde decorre o ‘workshop’.

De acordo com o cientista, serão importantes os dados sobre a meteorologia espacial, que afeta e influencia os satélites, fundamentais para muita da tecnologia atual.

Para além da participação da cientista Joana Oliveira na missão, o projeto contou ainda com a colaboração das empresas portuguesas Efacec e Active Space Technologies.

Segundo Nuno Peixinho, cada vez mais Portugal “envolve-se nestes projetos espaciais”, esperando que nos sete anos de viagem até Mercúrio mais cientistas portugueses se juntem a Joana Oliveira na equipa.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE