O Doutor Finanças divulga os resultados do Barómetro Hábitos de Investimento dos Portugueses, desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos Aplicados da Católica-Lisbon.
Este é o 2.º barómetro realizado pelo Doutor Finanças, desta vez com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre os hábitos de investimento dos portugueses, avaliando a sua relação com produtos de poupança e investimento, monitorizando tendências e identificando desafios à literacia financeira em Portugal.
Os resultados revelam que a maioria (61%) não investe, justificando esta opção sobretudo pela ausência de poupanças disponíveis (37%) ou pela preferência por poupar sem investir (27%). Entre os que investem, a escolha recai em produtos de capital garantido – depósitos a prazo (49%), Planos Poupança Reforma – PPR (38%) e certificados de aforro ou Tesouro (35%) – evidenciando a tradicional preferência portuguesa por aplicações seguras e de baixo risco.
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Ainda que o ouro/prata (39%), as ações (29%) e os fundos de investimento (22%) surjam como alternativas relevantes, ativos de maior risco como ETF (14%) e criptomoedas (10%) têm expressão reduzida, revelando uma abertura ainda cautelosa a soluções mais voláteis.
O perfil de risco declarado pelos inquiridos está em linha com os comportamentos: 49% assume-se conservador, 41% moderado e apenas 6% se declara agressivo. Quase metade (48%) só detém produtos de capital garantido, revelando uma baixa tolerância à desvalorização. Esta prudência é também reflexo da experiência de investimento: 44% já perdeu dinheiro, reforçando a opção por soluções seguras. A preocupação com a sustentabilidade ainda não tem um peso relevante: apenas 29% considera fatores ESG, com aplicação prática muito residual. Também a diversificação permanece limitada: 71% afirma conhecer o conceito, mas só 40% o aplica de forma efetiva.
A banca mantém-se como a principal fonte de informação (52%) e canal de investimento (50%), revelando dependência de intermediários institucionais. Apesar disso, aumenta o recurso a canais digitais, como aplicações (20%) e plataformas (17%), ainda que com menor expressão. Cerca de 21% dos respondentes também procuram informação junto de amigos e família.
A esmagadora maioria aplica uma percentagem moderada ou baixa do seu rendimento. Um terço (33%) investe entre 5% e 10%, e uma fatia significativa (21%) diz aplicar mais de 20% — sobretudo homens e pessoas com mais de 65 anos.
O estudo confirma a relação direta entre rendimento familiar e capacidade de investir. Nos escalões de rendimento até €1500, a esmagadora maioria aplica menos de 5% do seu rendimento. Acima dos 3.000€, 11% investe mais de 20%, revelando maior margem de poupança.
Entre os investidores, a maioria (45%) investe há 10 anos ou mais – mais homens e mais seniores; 32% fá lo nos últimos 5 anos, e apenas uma minoria (16%) tem um histórico de investimento, entre 5 e 10 anos). Quanto à frequência, 36% reforça mensalmente as suas aplicações, 24% fá-lo de forma ocasional, enquanto 15% e 12% investe anualmente ou trimestralmente, respetivamente.
Apesar de 41% afirmar conhecer bem os produtos em que investe, 37% admite ter apenas noções básicas. Uma minoria significativa toma decisões sobretudo com base em recomendações de profissionais (7%) ou de familiares e amigos (7%), reforçando a importância da educação financeira e do aconselhamento especializado.
“Este estudo é mais uma peça, que procura conhecer melhor a realidade financeira dos portugueses. Os principais indicadores demonstram que grande parte dos portugueses ainda não investe, e aqueles que o fazem privilegiam a segurança e a preservação do capital. A par da literacia financeira, precisamos também de uma injecção de confiança”, afirma Sérgio Cardoso, Chief Education Officer do Doutor Finanças.
Apresentado em maio deste ano, o Doutor Finanças apresentou 1º Barómetro de Hábitos Financeiros do Portugueses, traçando um retrato do grau de literacia e dos comportamentos financeiros da população em Portugal. Este segundo Barómetro de Hábitos de Investimento pretende acompanhar o comportamento e a literacia dos portugueses na área dos investimentos pessoais. Este estudo foi realizado entre 31 de julho e 28 de agosto de 2025, através de inquérito telefónico (CATI) a 701 indivíduos, com idades entre os 18 e os mais de 65 anos, residentes em Portugal, assegurando representatividade nacional em termos de género, idade, região e escalão socioeconómico.
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