Política

50 anos de libertação dos últimos presos do Tarrafal assinalados em Cabo Verde

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 12-06-2022

Cabo Verde vai acolher, em 01 de maio de 2024, uma cerimónia evocativa para assinalar os 50 anos da libertação dos últimos presos políticos do campo de concentração do Tarrafal, anunciou hoje o ministro da Cultura português.

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“Cumprimos 50 anos da democracia portuguesa no dia 25 de abril de 2024 e estamos a fazer umas celebrações longas, com várias dimensões em que claramente as lutas pela independência nas ex-colónias são também muito importantes”, afirmou Pedro Adão e Silva, na cidade da Praia, no último de quatro dias de visita oficial a Cabo Verde.

Para o governante português, essa cerimónia de evocação e de celebração conjunta vai “relançar” o processo de candidatura do ex-campo de concentração do Tarrafal a património mundial da UNESCO, ainda sem uma data concreta para avançar.

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“No Tarrafal, uma memória partilhada entre Portugal e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), uma memória traumática, mas que de certa forma se libertou no mesmo momento com a nossa democracia em Portugal e com a independência das ex-colónias”, lembrou o ministro.

Situado na localidade de Chão Bom, o antigo Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936 e recebeu os primeiros 152 presos políticos em 29 de outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956.

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Reabriu em 1962, com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Ao todo, foram presas neste “campo da morte lenta” mais de 500 pessoas: 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.

Após a sua desativação, o complexo funcionou como centro de instrução militar, desde 2000 alberga o Museu da Resistência e em 2004 foi classificado Património Cultural Nacional e integra a lista indicativa de Cabo Verde a património da UNESCO.

Durante os quatro dias em Cabo Verde, no âmbito das comemorações do 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades portuguesas, o museu do ex-campo de concentração do Tarrafal foi um dos muitos sítios que Pedro Adão e Silva visitou, tendo feito um balanço “muito positivo” de toda a deslocação ao arquipélago africano.

“O balanço é muito positivo, para além do programa protocolar na embaixada e junto das comunidades portuguesas, quis conhecer a realidade cultural nas suas várias dimensões”, frisou o ministro, que esteve também na Cidade Velha e em muitos outros locais e projetos, incluindo os financiados pela cooperação portuguesa.

No âmbito desta deslocação, o governante português visitou hoje murais de arte urbana, moderna e de intervenção comunitária no bairro de Achada Grande Frente, na Praia, no âmbito projeto “Xalabas”, da organização não-governamental África 70, e financiado pela Delegação da União Europeia em Cabo Verde.

Entre os diversos murais artísticos – de criação de artistas nacionais e internacionais – encontra-se um de Amílcar Cabral, realizado pelo artista português Vhils, uma obra que contou igualmente com o apoio da cooperação Portuguesa em Cabo Verde, em parceria com a União Europeia e Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde.

“Procurei ver de tudo um pouco e isso tem dado um sinal muito positivo de Cabo Verde e um sinal que eu acho que o Ministério da Cultura português pode ajudar a contribuir, através da cooperação, ajudando projetos locais, mas também trabalhando em conjunto no campo do Tarrafal. Portanto, há muito espaço e caminho para fazermos em conjunto”, perspetivou.

Pedro Adão e Silva, que é ministro da Cultura português há pouco menos de três meses, prometeu ajudar a mobilizar e “dar energia” à cooperação entre Cabo Verde e Portugal, que entende tem “muito potencial”.

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