Cidade
40 anos de independência de Angola na Universidade de Coimbra
O Centro de Estudos Sociais (CES) através do seu programa de doutoramento “Patrimónios de Influência Portuguesa” (III-CES) e a Reitoria da Universidade de Coimbra levam a cabo uma série de iniciativas culturais por ocasião da celebração dos 40 anos de independência de Angola.
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No dia 11 de novembro terá lugar uma tarde de cinema angolano, na Casa das Caldeiras da Universidade de Coimbra, organizado pelo cineasta, crítico e produtor Jorge António, que propõe o documentário Outras frases e o recente filme Alda e Maria. As sessões serão seguidas de um debate com Jorge António e a diretora da Companhia de Dança Contemporânea de Angola, Ana Clara Guerra Marques.
No dia 13 de novembro dois eventos de imenso realce. O lançamento do livro Angola, o nascimento de uma nação: o cinema da independência, de Jorge António e Maria do Carmo Piçarra e que corresponde ao terceiro volume de um vasto estudo sobre cinema angolano. A apresentação estará a cargo de Sérgio Dias Branco (FLUC) e decorre no Café-Teatro do Teatro Académico de Gil Vicente, às 18h30.
À noite, pelas 21h30, no auditório do Teatro Gil Vicente a Companhia de Dança Contemporânea de Angola, apresentará o espetáculo “Mpemba Nyi Mukundu”. A companhia foi fundada em 1991, por Ana Clara Guerra Marques e é membro do Conselho Internacional da Dança da UNESCO. Realizou centenas de espetáculos em Angola e no estrangeiro tendo atuado em inúmeros países em todos os continentes.
Duas semanas depois, começando a 24 de novembro, terá lugar o lançamento de uma obra inédita do grande escritor angolano José Luandino Vieira, Papéis da Prisão: apontamentos, diário, correspondência (1962-1971).
Durante os anos de cárcere, José Luandino Vieira coligiu um acervo de textos constituído por 17 cadernos que agora vêm a público pela editora Caminho-Leya, graças ao apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e à investigação realizada no CES, sempre em estreita colaboração com o autor.
O processo de escrita destes Papéis tem como termos cronológicos e fronteiras espaciais a entrada no Pavilhão Prisional da PIDE, São Paulo, Luanda (1961) e a sua saída do Tarrafal (1972). A materialidade destes cadernos é composta por aproximadamente 2000 débeis folhas manuscritas onde o autor anotou a sua visão do cárcere como observatório excecional da nação angolana, manifestou os seus projetos políticos e literários, evidenciou o projeto comunitário de Angola como o veículo da união e resistência coletiva, expressou angústias e sonhos pessoais.
Os Papéis de José Luandino Vieira são um sismógrafo excecional para mapear os espaços de detenção e confinamento construídos pelo colonialismo português, nos estertores da sua existência, perante a luta crescente dos movimentos de independência africanos em várias frentes: na clandestinidade, nas prisões, na guerrilha.
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