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35% dos atendimentos no centro antivenenos em 2024 envolveu crianças 

Notícias de Coimbra com Lusa | 4 horas atrás em 09-05-2025

Imagem: DR

Mais de um terço das quase 25.000 chamadas recebidas no Centro de Informação Antivenenos do INEM, em 2024, envolveram casos de intoxicação com crianças, a maioria com menos de 5 anos, revelam dados avançados hoje à Lusa.

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Do total das 25.940 chamadas recebidas, 24.688 (95,18%) deveram-se à exposição a um potencial tóxico e as restantes (4.82%) corresponderam a pedidos de informação na área da toxicologia.

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Segundo os dados Instituto Nacional de Emergência Médica, 8.637 situações de exposição a tóxicos (35%) envolveram crianças, 62,27% das quais menores de 5 anos.

Os principais motivos subjacentes à exposição de crianças a produtos tóxicos foram situações acidentais (59,14%), erro terapêutico (22,06%) e exposição intencional (17,39%).

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do CIAV, Fátima Rato, salientou que as situações que envolvem crianças, sobretudo, entre 1 e 4 anos de idade, é uma realidade que se verifica há muitos anos.

“As crianças são muito curiosas, não têm a mínima noção de perigo e, portanto, é muito fácil deitarem a mão a tudo, seja a medicamentos, seja a detergentes, produtos de limpeza, e, portanto, todo o cuidado é pouco”, salientou.

Fátima Rato disse que é preciso ter “uma atenção muito particular” relativamente às cápsulas dos detergentes para as máquinas da roupa ou da louça.

“As crianças têm imensa apetência por essas cápsulas, porque são muito apelativas, têm umas cores muito brilhantes, muito fortes”, sendo muito fácil para elas agarrarem-nas, “levá-las à boca, trincá-las e, num grande número de casos, também com o atingimento dos olhos”, sublinhou.

Há igualmente muitos casos de intoxicação com medicamentos por enganos na medicação, como, por exemplo, o pai dar o medicamento à criança e esquecer-se de avisar a mãe, que o torna a dar, ou a dose que foi dada era para a criança mais velha.

Mas também se verificam muitos casos em que são as próprias crianças que deitam a mão aos medicamentos e os levam à boca, como é o caso dos xaropes que “são sempre doces e têm um bom sabor”.

Fátima Rato apelou aos pais para manterem os medicamentos fora do alcance das crianças e fecharem bem os frascos, deixando ainda um alerta às mães para deixarem a carteira num local inacessível aos mais pequenos.

“As crianças têm muita curiosidade e muita tendência para ir agarrar na carteira da mãe, abri-la e, invariavelmente, está lá algum medicamento ou até um batom, um produto cosmético, que eles muito facilmente levam à boca”, avisou.

Os dados indicam que 15.709 das consultas efetuadas ao CIAV envolveram adultos, a maioria (63,7%) mulheres.

Em 49,76% das situações foi reportada uma exposição intencional, 24% foram exposições acidentais e em 20,49% dos casos ocorreu um erro terapêutico.

Os principais tóxicos envolvidos, no que se refere aos medicamentos, foram os ansiolíticos (4.223), antidepressivos (3.238) e antipsicóticos (2.145).

Quanto a outros produtos, destacam-se as substâncias de abuso (1.552), onde se incluem as intoxicações alcoólicas, seguindo-se as lixívias (1.442) e os detergentes para a loiça e limpeza doméstica (1.365).

A médica lamentou que as pessoas continuem a mudar os produtos das suas embalagens originais para “as célebres garrafinhas de água de plástico, que são muito práticas”, mas depois esquecem-se que produto lá puseram ou levam a garrafa para casa de um familiar, um amigo ou para o trabalho e alguém acaba por beber.

No momento de contacto com o centro, 11.112 (45,64%) dos casos apresentavam sintomas. Em 46,8% dos casos, foi possível manter as pessoas no local, graças ao aconselhamento prestado pelos médicos com formação específica em toxicologia do CIAV (800 250 250).

Noutros casos, houve necessidade de recorrer ao hospital, umas vezes pela perigosidade do produto, outras vezes, no caso dos medicamentos, por causa das doses que são ingeridas.

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