Coimbra

31% dos adolescentes com sintomas depressivos e 10% em risco elevado de comportamento suicidário

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 01-10-2020

Resultados do programa de prevenção do suicídio Mais Contigo, no ano letivo de 2019-2020, apelam a «uma maior necessidade de profissionais de saúde mental nas escolas», defende professor da ESEnfC e coordenador do projeto, José Carlos Santos. Plano Nacional de Prevenção do Suicídio continua a apoiar financeiramente o programa iniciado em Coimbra e, agora, implantado por todo o país.

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Foram 8094 adolescentes, a frequentarem 127 escolas e colégios de norte a sul do país, que participaram, no ano letivo 2019-2020, no programa de prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar Mais Contigo, dos quais «30,9% apresentaram sintomatologia depressiva (18,9% moderada ou grave) e 10% estão em risco elevado de ter comportamentos suicidários».

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Os dados foram revelados na última quarta-feira à tarde, no IX Encontro Mais Contigo (em formato de webinar), pelas entidades gestoras de um programa que está no terreno desde 2009, primeiro a nível regional e nos últimos anos já com dezenas de parceiros pelo país: Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro.

José Carlos Santos, professor da ESEnfC e coordenador do projeto, referiu, ainda, a identificação e o acompanhamento, pelos parceiros do Mais Contigo – além dos estabelecimentos escolares, no último ano letivo colaboraram 17 agrupamentos de centros de saúde (ACES) e 2 unidades locais de saúde (ULS) das administrações regionais de saúde do Centro, de Lisboa e Vale do Tejo, do Alentejo, do Algarve e do Norte –, de «algumas dezenas de jovens em risco»: 20 foram encaminhados para cuidados especializados e 70 foram referenciados para os cuidados de saúde ou para os gabinetes de apoio ao aluno locais.

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Cerca de 1500 docentes, assistentes operacionais e encarregados de educação foram, também, durante esse período, sensibilizados para as questões da saúde mental.

«A pandemia que vivemos traz menor bem-estar e, nalguns casos, sofrimento psicológico, sendo que uma minoria de pessoas adoecerá do ponto de vista mental. Embora não se saiba ainda a dimensão, sabemos que algumas repercussões ficarão do confinamento, do medo de ser contaminado ou contaminar, das novas aprendizagens da vida em sociedade, em que os jovens não deixarão de ser afetados. Por isso, programas como o Mais Contigo tornam-se ainda mais necessários», notou, durante a sessão de abertura, José Carlos Santos.

O professor da ESEnfC, especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica, registou, «com agrado, o reconhecimento por parte do Programa Nacional de Saúde Mental (PNSM), da continuidade do apoio e financiamento ao Mais Contigo», consciente «do aumento da responsabilidade que tal decisão comporta, mas, sobretudo, com a noção da importância que programas deste tipo têm em termos de saúde pública», ao nível da «diminuição em comportamentos suicidários» anos mais tarde.

Porém, para o coordenador do Mais Contigo, «o trabalho desenvolvido» pelo programa de prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar «apela a uma maior necessidade de presença de profissionais de saúde mental nas escolas, sejam psicólogos ou enfermeiros de saúde mental, mas também de maior interligação entre a escola e as instituições de saúde».

«O estigma, os processos de negação, de vergonha, de medo, de incompreensão e de falsos conceitos estão ainda presentes e dificultam intervenções atempadas no início do período crítico pós-comportamento», afirmou José Carlos Santos.

Intervieram, ainda, na sessão de abertura do IX Encontro Mais Contigo, a presidente da ARS Centro, Rosa Reis Marques, a presidente da ESEnfC, Aida Cruz Mendes, a enfermeira diretora de Enfermagem do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Áurea Andrade, e o diretor do PNSM, Miguel Xavier, que elogiou o programa, que disse estar «perfeitamente estabelecido», com «resultados creditados» e uma sistemática «prestação de contas».

O Mais Contigo trabalha aspetos como o estigma em saúde mental, o autoconceito e a capacidade de resolução de problemas, devidamente enquadrados na fase da adolescência. A população-alvo deste programa é constituída por alunos do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário.

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