Esta quarta e quinta-feira, 15 e 16 de outubro, completam-se 8 anos dos devastadores incêndios de outubro de 2017, que destruíram centenas de milhares de hectares e ceifaram dezenas de vidas na região Centro de Portugal.
O relatório do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, tornado público pelo Ministério da Administração Interna, lança luz sobre as causas, os impactos e as lições destes incêndios que ainda hoje ressoam na memória coletiva do país.
Segundo o documento, muitos dos incêndios tiveram origem em queimas e queimadas intencionais, enquanto o fogo que deflagrou na Lousã esteve ligado a uma linha elétrica gerida pela EDP. O relatório revela também que mais de um terço das vítimas morreram em casa, muitas delas surpreendidas pelo fogo durante o sono. No total, registaram-se 51 mortos no dia 15 e 16 de outubro, a maior parte na região Centro, sobretudo nos distritos de Coimbra e Viseu.
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O estudo detalha que os incêndios se espalharam de forma exponencial e rápida, influenciados por ventos extremos provocados pelo furacão Ophelia e por uma seca prolongada. Foram sete complexos incêndios, incluindo Seia, Lousã, Oliveira do Hospital, Sertã, Leiria, Quiaios e Vouzela, que provocaram destruição sem precedentes a casas, empresas e florestas. Mais de 1.480 habitações foram destruídas total ou parcialmente.
Embora muitos optassem por permanecer em casa, o relatório alerta que a fuga nem sempre foi segura, com 63% das vítimas a morrerem enquanto escapavam do fogo. Entre as recomendações destacam-se preparação para proteção de animais, não permanecer em encostas ou desfiladeiros em chamas e reforço da vigilância em períodos de risco extremo, independentemente da data do calendário.
O documento aponta ainda que mais meios de combate poderiam ter mitigado algumas ocorrências, mas os ventos e a intensidade dos incêndios tornaram impossível enfrentar todos os focos com segurança. A definição rígida de períodos de risco e a contenção de despesas contribuíram para a redução do dispositivo operacional naquele dia, segundo os investigadores.
O relatório sublinha também os pontos fracos das casas, como telhados, anexos ou material combustível junto às paredes, e reforça a necessidade de estratégias de prevenção mais eficazes, destacando que muitas mortes poderiam ter sido evitadas com maior preparação e gestão de risco.
Oito anos depois, o país não esquece o sofrimento e a devastação provocada por estes incêndios, que continuam a ser um ponto de referência na discussão sobre prevenção, segurança e políticas de gestão florestal. Como recorda o Centro de Estudos da Universidade de Coimbra, estas tragédias servem de alerta para reforçar a proteção das populações e infraestruturas face a eventos extremos que podem voltar a ocorrer.
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