O 11.º Fórum Vê Portugal, que decorreu entre os dias 2 e 4 de junho, no Velódromo Nacional, em Anadia, terminou com um balanço positivo e uma mensagem clara: o turismo interno é crucial para o desenvolvimento coeso e sustentável de Portugal.
O evento, que contou com a presença de centenas de participantes, reforçou o papel das Entidades Regionais de Turismo (ERT) e promoveu o alinhamento de estratégias para o futuro do setor.
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Na sessão de encerramento, Rui Ventura, presidente da Turismo Centro de Portugal, destacou o impacto do fórum tanto a nível regional como nacional. “Com este Fórum, voltámos a contribuir para a afirmação da região Centro. Mas, a partir de agora, o Vê Portugal passa também a contribuir para a afirmação do turismo no nosso país”, afirmou.
Ventura agradeceu ainda aos participantes e oradores, desafiando as restantes ERTs a estarem presentes no próximo ano: “Convido desde já os meus colegas das ERTs para que, no próximo ano, nos encontremos de novo neste fórum, para voltarmos a dar a nossa perspetiva e para que continuemos a trabalhar no sentido de um turismo melhor”.
Teresa Cardoso, Presidente da Câmara Municipal de Anadia, expressou o orgulho do município em acolher o evento, sublinhando a importância da valorização dos recursos locais como o enoturismo e o termalismo, pilares fundamentais de um turismo sustentável.
O terceiro e último dia do fórum ficou marcado por debates sobre áreas estratégicas do turismo nacional.
O painel “Turismo de Natureza na Região de Lisboa”, moderado por Carla Salsinha (ERT Lisboa), revelou o crescimento deste segmento, com intervenções de Carlos Pais (Tapada Nacional de Mafra), Rui Rosado (Marinha do Tejo) e Sandra Paiva (EVOA).
No painel “A Paisagem – O Ativo Turístico do Alentejo”, José Santos (ERT Alentejo e Ribatejo) conduziu uma reflexão profunda sobre a importância e fragilidade da paisagem alentejana, com intervenções de Jorge Rosado, Ana Barbosa e Monica McGill.
A importância do mercado interno foi debatida durante a tarde, num painel moderado por André Gomes (ERT Algarve), que contou com vozes relevantes do setor como Emanuel Freitas (AP Hotels & Resorts), Ana Jacinto (AHRESP), Raquel Oliveira (APAVT) e Álvaro Covões (Everything is New). O consenso foi claro: o turismo interno é um pilar de resiliência em tempos de crise e deve continuar a ser valorizado.
O painel final reuniu os cinco presidentes das ERTs continentais num debate moderado por Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal. Os dirigentes regionais destacaram a necessidade urgente de reforçar a autonomia administrativa e financeira das ERTs.
Rui Ventura alertou para a falta de reconhecimento institucional: “As Entidades Regionais têm muito pouca autonomia. Há tecnocratas nos gabinetes que acham que podem comandar as estratégias das ERTs”. E defendeu uma mudança estrutural: “As ERTs devem ter pareceres vinculativos. Somos pouco ouvidos. Esta afinação tem de ser feita, sob pena de cada instituição remar para o seu lado”.
Também Luís Pedro Martins (ERT Porto e Norte) considerou que a atual legislação é insuficiente: “A Lei 33 não deu a autonomia necessária às ERTs. Esperamos todos que estes problemas aqui identificados sejam finalmente atacados nesta legislatura”.
Carla Salsinha destacou a complexidade da gestão regional: “Há muitas vozes, muitas instituições, com competências no turismo, o que gera ineficiência. O Estado tem de saber o que quer das ERTs”. Defendeu ainda o reforço da qualificação do setor como prioridade.
Do Alentejo, José Santos apontou limitações na contratação de recursos humanos: “Nas ERTs, não conseguimos contratar pessoas novas. É um problema estrutural da administração pública”.
André Gomes (ERT Algarve) concluiu que “os desafios estão identificados e são transversais a todas as regiões. Desde 2013 que as ERTs têm vindo a perder capacidade de execução e de ação”.
Organizado pela Turismo Centro de Portugal, em parceria com o Município de Anadia e com o apoio das ERTs e do Turismo de Portugal, o 11.º Fórum Vê Portugal reafirmou-se como uma plataforma de debate estratégico e colaboração entre agentes públicos e privados.
Durante três dias, o evento promoveu o diálogo, a partilha de boas práticas e o reforço do papel do turismo como motor de desenvolvimento regional e nacional.
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