Restaurantes
10 tendências para 2026 que vão mudar a forma como comemos em Portugal

Imagem: Edições do Gosto
Com o arranque do último trimestre de 2025, é tempo de olhar em frente e antecipar o que o próximo ano poderá trazer ao setor da gastronomia e da restauração. As Edições do Gosto revelam agora as 10 tendências que se prevê que irão marcar 2026, num universo em permanente transformação.
Desde 2021, a empresa liderada por Paulo Amado — referência nacional na produção de eventos, publicações, promoção e comunicação nas áreas da gastronomia, alimentação e bebidas — tem vindo a divulgar anualmente as “Tendências da Restauração”, um conjunto de previsões e orientações sobre os movimentos mais relevantes para o ano seguinte.
Esta iniciativa resulta do trabalho contínuo desenvolvido junto da vasta comunidade gastronómica, afirmando as Edições do Gosto como entidade de referência na organização de projetos que impulsionam a restauração portuguesa. O objetivo é antecipar, refletir e debater as dinâmicas do setor.
PUBLICIDADE
“Depois de consultarmos 100 figuras do setor, pareceu-nos relevante apresentar algumas ideias. Não são verdades absolutas — nunca o são —, mas refletem as visões de pessoas conectadas à gastronomia”, afirma Paulo Amado.
Em 2025, a iniciativa contou com a colaboração especial de um painel de 100 contribuidores, cujas opiniões foram determinantes para construir esta lista de tendências — entre eles, cozinheiros/as, pasteleiros/as, padeiros/as, restauradores/as, sommeliers, bartenders, jornalistas, investigadores gastronómicos, formadores, produtores de eventos, entre outros profissionais.
O painel é composto por 50% homens e 50% mulheres. A região predominante é Lisboa (39%), seguida do Porto e Norte (29%), Centro (11%), Algarve (6%), Alentejo (8%), Madeira (3%) e Açores (4%). Em termos de áreas profissionais, destacam-se Cozinha (39%), Comunicação (20%), Pastelaria e Padaria, Sala e Vinho e Produção (todas com 7%), seguidas de Restauração (6%), Hotelaria e Ensino (ambas com 4%), Investigação e Conhecimento (3%), Ação Social (2%) e Bar (1%).
Conheça agora as 10 tendências da restauração que se acredita que vão marcar o ano de 2026.
- Diretamente da Quinta: A ligação dos restaurantes à terra é cada vez mais direta e os produtores são escolhidos a dedo. As quintas que seguem boas práticas e adotam uma agricultura regenerativa ganham protagonismo por garantirem ingredientes de máxima frescura e sabor, cultivados de forma sustentável e respeitadora da biodiversidade. Ao encurtar o caminho entre o campo e a cozinha, os chefes asseguram um abastecimento contínuo, reduzem a pegada ambiental e valorizam o ciclo completo dos alimentos, da saúde do solo ao prato.
- O “novo” mundo dos vegetais: Não são novos os vegetais, mas é novo o olhar. Graças ao trabalho dos agricultores e à proximidade com os restaurantes, os chefes exploram a biodiversidade local e descobrem uma diversidade vegetal mais rica e pouco explorada. Respeitando a sazonalidade e aplicando uma variedade de técnicas, cada ingrediente é valorizado em sabor e textura. O resultado são pratos em que os vegetais assumem protagonismo, mesmo quando acompanhados de proteínas animais.
- Social dining: O jantar deixa de ser apenas uma refeição e torna-se um evento social. Supper clubs, pop-ups, experiências de partilha de cozinhas e outros eventos gastronómicos oferecem momentos de convívio, troca de ideias e networking. Funcionam como espaço seguro de experimentação, permitindo testar conceitos, criar comunidade e reforçar a ligação com o público, enquanto proporcionam aos participantes uma fuga à rotina. É a ideia de se ter uma experiência gastronómica única que conquista.
- Voltamos já: Depois de anos de crescimento acelerado e aberturas contínuas, 2026 aponta para um ano de abrandamento e reformulação no sector, e nem todos os negócios sobreviverão. A saturação do mercado, a subida dos custos operacionais e um consumidor mais racional obrigarão restaurantes a encerrar temporariamente para repensar modelos de negócio, otimizar operações e ajustar estratégias, tornando urgente a sustentabilidade económica e a diferenciação de conceitos.
- O pescado esquecido: Os peixes das nossas águas, que outrora faziam parte do receituário mas acabaram afastados em favor de espécies consideradas mais nobres, voltam a ganhar protagonismo. A alta-cozinha explora-os, revelando o seu potencial em sabor, textura e versatilidade. Ao fazê-lo, os chefes inovam nos menus, reduzem a pressão sobre os peixes mais populares e reforçam a ligação à pesca local, respondendo a consumidores mais exigentes quanto à origem, qualidade e autenticidade dos produtos.
- Cocktails + pratos: Os cocktails de autor marcam a cena, de bares a restaurantes, combinando-se cada vez mais com pequenos pratos igualmente trabalhados e pensados ao detalhe. A tendência redefine não só o momento de jantar, como o próprio atoo de sair à noite, respondendo a clientes que procuram experiências flexíveis e informais, em que provar e partilhar é central. Para bares e restaurantes, permite inovar, testar combinações e atrair um público que valoriza a novidade e a interação sem a formalidade de uma refeição completa.
- Ovos com berço: A rastreabilidade e a ética na produção de ovos ganham cada vez mais relevância. Chefes e consumidores querem saber como as galinhas são criadas, o que comem e, sobretudo, quem é o produtor. A atenção crescente reflete a procura por produtos de qualidade, responsabilidade ambiental e bem-estar animal. Valoriza-se também o uso das raças autóctones – Amarela, Branca, Pedrês Portuguesa e Preta Lusitânica –, que garantem características únicas e reforçam a ligação com a tradição e o território.
- A sandes contra-ataca: É o regresso ao essencial: o prazer de comer bem, sem complicações. As sandes deixam de ser apenas uma refeição rápida e afirmam-se como uma proposta gastronómica relevante. De snack mais simples evoluem para prato criativo, transformando-se em território de experimentação. Bem compostas, feitas com produtos de qualidade e combinações de sabores surpreendentes, ganham espaço em menus e dão origem a novos negócios. São uma resposta inteligente à procura por comida de qualidade, acessível e sem formalidade.
- A experiência imersiva: Comer também pode ser entretenimento: ir a um restaurante deixa de se resumir a sentar e comer e passa a ser uma experiência completa. Crescem os projetos que envolvem todos os sentidos, combinando narrativa, interatividade e tecnologia. Luz, som, projeções ou aromas criam ambientes imersivos, em que cada prato é parte de uma história. Os restaurantes usam esta abordagem para oferecer experiências mais envolventes e memoráveis, atraindo clientes que valorizam inovação e criatividade e que querem, acima de tudo, sentir-se parte do momento.
- Chefes guardiões do oceano: Em 2026, os chefes vão valorizar o mar como nunca, assumindo um papel ativo na preservação marinha. Nos seus menus, oferecem o melhor do oceano com responsabilidade. Atentos à preservação dos ecossistemas marinhos, promovem práticas de pesca sustentável em pratos que equilibram sabor e consciência ambiental. Na cozinha, inova-se sem que se ultrapassem os limites dos recursos do oceano. À mesa, responde-se a consumidores mais conscientes.
Clique para ver a fotogaleria:















PUBLICIDADE
You must be logged in to post a comment.