Coimbra
Universidade de Coimbra despede líder de Centro de Estudos Russos
Vladimir Pliassov, responsável pelo Centro de Estudos Russos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, foi despedido pela instituição de ensino. Em declarações à Rádio Renascença, o reitor Amílcar Falcão disse que depois de conhecer os factos que levaram às queixas dos ativistas ucranianos não restou outra alternativa senão despedir o docente.
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A acusação de que este docente estaria a desenvolver naquela universidade propaganda pró-Putin e a favor da invasão da Ucrânia partiu de dois ativistas ucranianos com ligações a esta universidadede. No artigo de opinião publicado no Observador e no Jornal Proença, assinado por Olga Filipova e Viacheslav Medviedev, é dito que a Universidade de Coimbra está a ser “um espaço para transmitir a propaganda imperial russa e a cultura que criou a Rússia moderna”.
O caso ganhou maior mediatismo quando José Milhazes abordou esta terça-feira à noite a questão no espaço “Guerra Fria” do Jornal da Noite da SIC. Nas declarações à Emissora Católica, Amílcar Falcão disse que “a gravidade da situação obriga-me a fazê-lo (despedimento). A contratação, ou melhor, a existência de um contrato com a Universidade de Coimbra não foi feita com o meu conhecimento. Assim que tomei conta do que se estava a passardei indicações para a rescisão do contrato e, portanto, o contrato nesta hora deve já estar rescindido”.
Para o docente, as referências naquele texto configuram “obviamente uma situação que eu considero muito grave dentro da universidade”. No entender dos ativistas, Vladimir Ivanovitch Pliassov seria o principal representante da Fundação Russkiy Mir (instituição que promove a cultura e língua russa pelo mundo) em Portugal e tinha a responsabilidade de promover denominações geográficas da Ucrânia de acordo com a visão russa, e ainda de distribuir entre os alunos a “fita de São Jorge” – uma fita de três riscas pretas e duas riscas cor-de-laranja.
Trata-se de um símbolo proibido na Ucrânia, Letónia, Lituânia, Moldávia, Geórgia, assim como em alguns estados alemães. Desde 2014, tem sido símbolo oficial da “luta russa contra o fascismo”, incluindo a “guerra contra os fascistas ucranianos” e utilizado por manifestantes pró-russos, terroristas pró-russos e tropas russas nos territórios ocupados da Ucrânia.
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No ano passado, e durante 10 anos, o Centro de Estudos Russos da UC recebeu fundos do Kremlin através da Fundação Russkiy Mir. Uma situação que terminou o ano passado, segundo o reitor Amílcar Falcão, com o início da guerra na Ucrânia e por ordem direta dele. “Já há um ano e tal que deixámos de ter apoio da entidade russa que apoiava o Centro. Recebia um valor do Estado russo e desde 2021 que nada recebemos. Foi uma ordem direta minha e a própria reitoria se substitui à Rússia no apoio ao centro”, frisou.
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