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Ucrânia: Zelensky acusa Rússia de atrasar saída de cereais para instigar crise alimentar

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 21-10-2022

O presidente da Ucrânia acusou hoje a Rússia de atrasar a saída de barcos de cereais dos portos ucranianos para instigar a crise alimentar e provocar aumentos de tensão política e social em países que dependem dessas exportações.

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“O direito à alimentação e à vida sem fome são direitos fundamentais para todas as pessoas do planeta. Por isso, as tentativas da Rússia para exacerbar a crise alimentar são também uma agressão contra cada habitante da Terra”, afirmou Volodymyr Zelensky, em comunicado.

Segundo Zelensky, a exportação de cereais está a ficar “mais tensa” a cada dia que passa, uma vez que Moscovo está a fazer “tudo” para atrasar o processo, no sentido de “incitar deliberadamente a crise alimentar”.

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“Mais de 150 barcos fazem fila para cumprir as suas obrigações contratuais para o abastecimento com os nossos produtos agrícolas. Esta é uma fila artificial, que se forma só porque a Rússia está a atrasar deliberadamente a passagem dos barcos”, frisou.

“Egito, Tunísia, Argélia, Marrocos, Líbano, Iraque, China, Bangladesh e Indonésia” são apenas alguns dos países que sofrem com os atrasos das exportações, acrescentou Zelensky, que reconhece ainda que “a ONU, a Turquia e outros países” têm conhecimento da situação.

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As incertezas em torno do acordo de exportação de cereais da Ucrânia já elevaram o preço de alguns produtos, alertou a ONU na quinta-feira, pedindo a extensão da iniciativa para preservar os seus efeitos benéficos para a economia.

“Num ambiente de incerteza comercial, os sinais importam muito”, disse Rebeca Grynspan, secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês).

“Quando não há clareza, ninguém sabe o que vai acontecer, e a especulação e a acumulação assumem o controlo”, insistiu Rebeca Grynspan, num comunicado à imprensa que acompanha um relatório da sua equipa fornecendo uma atualização sobre a Iniciativa do Cereais do Mar Negro.

As negociações estão em andamento com a Rússia, que se queixa de lhe terem sido “prometidas coisas que não estão a ser cumpridas” nos acordos assinados por Moscovo e Kiev em 22 de julho sob a égide da ONU e da Turquia.

Em pouco tempo, o acordo “ganhou força”, com a “atividade portuária ucraniana a aumentar e grandes cargas de cereais a conseguirem chegar aos mercados mundiais”, segundo indicou a UNCTAD num relatório com uma avaliação inicial desta iniciativa, que levou à estabilização, e posterior baixa, dos preços dos produtos.

“No entanto, com o acordo a terminar dentro de um mês e face à incerteza que paira sobre a sua renovação, os preços de certas matérias-primas como o trigo e o milho voltam a subir”, observou a UNCTAD, sobretudo porque sem esta iniciativa, “há poucas esperanças de garantir a segurança alimentar, particularmente nos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos”.

A primeira parte do acordo permite, por um período de 120 dias, a exportação de cereais ucranianos bloqueados desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro. A segunda parte visa facilitar a exportação de alimentos e fertilizantes russos, apesar das sanções impostas pelos países ocidentais à Rússia.

Durante as discussões com a ONU, “sublinhamos as nossas preocupações com a implementação da parte russa do acordo, porque ainda estamos a enfrentar problemas com a logística essencial (…). Os nossos navios não estão a ser recebidos nos portos europeus por causa das sanções”, disse hoje o Gennady Gatilov, embaixador russo junto da ONU em Genebra, numa conferência de imprensa.

A intenção da ONU é renovar o acordo por um ano.

“A prorrogação (deste) acordo depende da garantia da plena implementação dos dois acordos anteriormente celebrados”, disse o embaixador, considerando que as negociações avançaram pouco.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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