Coimbra

Tiago Reis Marques participa em investigação sobre doença de Parkinson

Notícias de Coimbra | 9 anos atrás em 04-08-2015

Médico português participa em investigação que abre portas a novos tratamentos para a doença de Parkinson.

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tiago reis marques

Um novo estudo publicado esta semana na revista “Brain”, uma das mais importantes revistas científicas na área da medicina e neurociências, mostrou pela primeira vez alterações neuroquímicas na doença de Parkinson que podem abrir as portas a novos tratamentos para esta doença.

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Tiago Reis Marques, médico psiquiatra e investigador português do Instituto de Psiquiatria do Kings College em Londres, é um dos autores do trabalho científico que promete alterar a forma como esta doença passará a ser investigada e eventualmente tratada.

Pela primeira vez ficou demonstrado que doentes com Parkinson têm níveis reduzidos de uma importante enzima cerebral chamada fosfodiesterase 10A (PDE10A), quando comparado com indivíduos sem a doença. Mas ainda mais relevante foi verificar que a redução nesta enzima estava associada à gravidade dos sintomas motores bem como à progressão da doença, com aqueles doentes numa fase mais avançada e com sintomas motores mais graves apresentando uma redução ainda maior desta enzima.

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Segundo o médico psiquiatra Tiago Reis Marques, “as fosfodiesterases são uma família de enzimas que se expressam em várias zonas do corpo humano. A fosfodiesterase 10A tem a particularidade de se localizar numa região específica do cérebro, os gânglios da base, onde está envolvida na regulação da dopamina, o neurotransmissor implicado em doenças como a doença de Parkinson e a Esquizofrenia”.

O estudo agora publicado, foi desenvolvido durante 2 anos por um consórcio internacional de neurologistas e psiquiatras que se dedicou a estudar a enzima PDE10A em várias doenças psiquiátricas e neurológicas, como a esquizofrenia, a doença de Parkinson e a doença de Huntington. Para observar a enzima PDE10A, os investigadores recorreram a uma técnica de Medicina Nuclear, através da qual injetaram nos doentes uma substância radioativa (¹¹C-IMA107) com a capacidade de se ligar especificamente a esta enzima e assim a visualizar e quantificar. Os resultados mostraram uma redução da PDE10A entre 14 a 28% quando comparado com indivíduos saudáveis do mesmo sexo e faixa etária.

Os resultados deste estudo sugerem fortemente que a PDE10A pode ser um potencial alvo para novos fármacos no tratamento da doença de Parkinson. De acordo com o médico psiquiatra e investigador português, “é expectável que fármacos especificamente dirigidos a esta enzima possam melhorar os sintomas da doença de Parkinson”. “Apesar de para a grande maioria das pessoas uma enzima como a fosfodiesterase nada significar, o facto é que a construção de fármacos dirigidos a esta família de enzimas têm sido um sucesso. Os atuais fármacos para tratamento da disfunção eréctil são inibidores da enzima PDE5, e são um sucesso terapêutico impressionante. Desta forma é com esperança e expectativa que espero o resultado dos primeiros ensaios clínicos iniciados pela indústria farmacêutica”, refere ainda Tiago Reis Marques.

Numa nota menos positiva para o médico português foi a ausência de resultados relacionados com a esquizofrenia. “Procurámos estudar simultaneamente um conjunto de doenças nas quais sabemos que a dopamina está alterada. Infelizmente não encontrámos diferenças na PDE10A nas doenças psiquiátricas que estudamos”.

Ao longo da sua carreira clínica Tiago Reis Marques tem vindo a estudar várias doenças psiquiátricas e é autor de autor inúmeros artigos científicos nos mais importantes jornais da especialidade além de ter ganho vários prémios internacionais dentro da psiquiatria. Apesar de tudo, realça a importância de ter trabalhado numa equipa multidisciplinar, com neurologistas e psiquiatras.

Segundo o próprio, “apesar das diferenças entre estas duas especialidades existirem, o facto é que ambos trabalhamos no mesmo órgão que é o cérebro. Acredito que à medida que formos sabendo mais sobre este fascinante e complexo órgão, as estas duas especialidades vão poder trabalhar ainda em maior proximidade”.

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