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SNS está “absolutamente parado” nos cuidados paliativos

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 13-10-2020

A Associação de Cuidados Paliativos afirmou hoje que o SNS está “absolutamente parado” na prestação destes cuidados e alerta para “o risco e o grave erro” que se corre de medir o seu sucesso exclusivamente pela resposta à covid-19.

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“Vemos com muita tristeza e muita apreensão que estamos a fazer menos consultas, menos exames, menos tratamentos, menos rastreios e até parámos de fazer as juntas médicas”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), que assinala este mês 25 anos.

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Duarte Soares lamenta que “o Serviço Nacional de Saúde na população que precisa de cuidados paliativos está absolutamente parado”.

A pandemia “veio fragilizar” os cuidados paliativos que “já eram limitados”, com “uma baixa acessibilidade”, disse, advertindo que se corre “o risco e o grave erro de medir o sucesso do SNS única e exclusivamente pela resposta que está a dar à população covid”.

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“Com a pandemia vimos menos recursos humanos e, sobretudo, um maior isolamento das famílias e dos cuidadores, também, em parte porque o SNS se virou quase exclusivamente para a pandemia e porque os próprios doentes ficaram com algum medo de se aproximar das estruturas hospitalares até por medo de contágio”.

Isto significa que o Serviço Nacional de Saúde “está invariavelmente mais longe dos doentes do que estava há seis meses”, lamentando ainda que as oportunidades de financiamento que surgem da pandemia estejam a ser “100% dedicadas” aos serviços de agudos, de medicina intensiva e urgência.

“Se já tínhamos expectativas frustradas relativamente ao investimento em cuidados paliativos ficamos ainda mais expectantes quando o Governo ficou até dia 31 de agosto de apresentar um novo programa com investimento específico para os nossos serviços e em outubro ainda não o apresentou”, criticou Duarte Soares.

A associação viu com “alguma expectativa que o plano de recuperação económica não tenha referido em nenhuma linha os cuidados paliativos” e na segunda-feira tenha havido “mais uma promessa de investimento”, disse, aludindo à proposta do Orçamento do Estado para 2021 que afeta 27.725.000 euros para o reforço da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e da Rede Nacional de Cuidados Paliativos, através do aumento do número de unidades ou camas nas áreas geográficas mais deficitárias.

Na sua ótica, “só sairá desta pandemia um SNS mais forte e reforçado” se for pensado “como um todo em que a população que precisa, que sofre de doenças crónicas e progressivas está claramente na linha da frente para receber esse apoio”.

“Se nós não apoiarmos no terreno com medidas que melhorem na prática a vida dos cuidadores informais vamos perder efetivamente um grande aliado do SNS na prestação de cuidados”, defendeu.

Com a pandemia, a sua situação e a dos doentes agravou-se de “forma dramática”, encontrando-se “numa situação de desespero, de isolamento e de afastamento dos serviços”.

Duarte Soares salientou que os profissionais de cuidados paliativos “têm ferramentas que devem ser valorizadas por decisores” seja para doentes não covid-19 como para doentes com covid-19, nomeadamente no “controlo sintomático daquelas pessoas, na tomada de decisões clínicas e na evicção de terapêuticas agressivas na distanásia e até na reaproximação das famílias”.

“Este é um problema tão mais sério quando se pensa nas pessoas que estão isoladas nos lares”. Contudo, a APCP disponibilizou-se para fazer parte das “equipas multidisciplinares de resposta rápida que foram recentemente criadas e não foi incluída nem sequer em grupos de trabalho”.

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