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Resíduos urbanos e terras abandonadas podem substituir mais de 70% do petróleo

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 10-07-2017

Os resíduos urbanos e territórios abandonados em Portugal poderiam substituir o petróleo e as importações deste recurso ou similares em mais de 70%, defende a Associação Portuguesa para a Bioeconomia e Economia Circular (ALL).

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lixo“Os resíduos urbanos e os territórios abandonados geram anualmente cerca de 36 a 42 milhões de toneladas por ano, que poderiam ser valorizadas ou valorizadas de forma mais eficiente”, afirma à agência Lusa João Nunes, impulsionador e fundador da ALL.

Constituída recentemente, a ALL agrega 15 especialistas de diferentes áreas, para “tornar a economia mais eficiente e mais amiga do ambiente e com o mínimo de resíduos e desperdícios”, que “irão contribuir a nível pessoal para a associação e numa ótica de interesse nacional”.

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No contexto de economia circular, na atividade económica nacional, este volume de resíduos e massa permitiria, no âmbito das alternativas aos derivados do petróleo (“desde o setor farmacêutico até aos polímeros e combustíveis”), substituir “o petróleo e as importações deste recurso ou similares em 72 a 99%”, estima João Nunes.

“Valorizar o que a terra dá e o que a atividade económica e familiar não valoriza ou ainda valoriza de forma pouco eficiente” é, assim, “uma oportunidade e necessidade”, sustenta, sublinhando que o planeta está “em decadência de recursos, que são finitos, sendo importante que todos contribuam para inverter esta tendência”.

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Cada pessoa, em Portugal, “pode representar a geração de cerca de duas toneladas de resíduos urbanos por ano, contabilizando todo o ciclo de vida”, sublinha João Nunes, reconhecendo que “o vidro e o papel já estão, em grande parte, em economia fechada”.

Mas, adverte, isso não se verifica em relação à generalidade dos restantes setores e é, por isso, “necessário desenvolver tecnologias”.

Trata-se, afinal, de “tornar mais eficiente o uso do território”, de criar “produtos mais amigos do ambiente”, através de recursos biológicos, e de “aumentar o tempo de vida e número de utilizações dos recursos”, sintetiza João Nunes, que também é presidente executivo da Associação BLC3/Campus de Tecnologia e Inovação, de Oliveira do Hospital, no interior do distrito de Coimbra.

No contexto da bioeconomia circular, “Portugal apresenta um território abandonado de cerca de 32%, constituído por matos e incultos que contribuem muito negativamente para os incêndios rurais”, destaca.

É estratégico para o país “dinamizar atividade económica e valorizar o território e o património natural, material e imaterial com base em tecnologia e inovação que originem atividade económica nestes territórios, porque os incêndios em Portugal contribuem para uma perda económica anual de 800 milhões de euros”.

Os territórios abandonados de matos e incultos “só têm como principal exploração dos recursos que geram um sistema de economia aberto, que é serem queimados todos os anos”, salienta João Nunes, defendendo a necessidade de “aumentar o tempo de vida dos recursos biológicos, valorizar fluxos do território num contexto circular, criar simbioses industriais e regionais”.

O desenvolvimento da bioeconomia e economia circular pode representar um investimento superior a nove mil milhões de euros e a um aumento do volume de negócios médio anual de quatro a seis mil milhões de euros (“com forte impacto nas importações”), calcula o responsável.

É, assim, “muito importante incutir e mostrar à sociedade o que é a ecologia industrial, a base de princípios e conhecimento para se desenvolver a circularidade nas cadeias de valor no desenvolvimento de produtos, processos e serviços”.

Nesta perspetiva, “uma das principais missões da ALL é não deixar que exista um desvirtuamento e descredibilização do que é ser ‘circular’, quer em contexto de bioeconomia como de atividade económica em geral”, refere João Nunes, concluindo que “a temática é de extrema importância”.

Estão atualmente em consulta pública o Plano Nacional de Ação para a Economia Circular, proposto pelo Ministério do Ambiente, e em desenvolvimento a Agenda de Investigação e Inovação para 2030 em Economia Circular, promovida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

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