Coimbra

Repúblicas Rosa Luxemburgo e Boa-Bay-Ela querem ser reconhecidas como entidades de interesse histórico ou cultural

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 06-03-2020

O executivo da Câmara Municipal (CM) de Coimbra vai analisar e votar, na sua reunião de segunda-feira, duas propostas para o eventual reconhecimento das associações República Rosa Luxemburgo e Real República Boa-Bay-Ela como entidades de interesse histórico e cultural ou social local. A decisão será posteriormente submetida a um período de consulta pública, de 20 dias, para que, por fim, seja elaborado o relatório final e aprovado o reconhecimento. Recordarmos que, até ao momento, já foram reconhecidas 12 repúblicas de estudantes e estão em análise técnica ou a aguardar a entrega de documentos outras cinco, bem como cinco lojas históricas.

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A Associação República Rosa Luxemburgo, antigamente conhecida por “Casa cor-de-rosa”, foi a primeira a ser constituída apenas por mulheres, quando estas estavam completamente excluídas deste contexto comunitário estudantil, e há registos de que acolheu pessoas de diferentes origens e participou em diversas atividades educativas e político-culturais desenvolvidas em conjunto com outras casas, além de realizar eventos próprios, como o “Mês Rosa”.  Está, portanto, comprovado a sua importância para a história local, assim como a sua identidade, já que a República se mantém nos dias de hoje, promovendo também eventos sobre temas e perspetivas feministas e assumindo um papel ativamente crítico em relação às desigualdades de género. Estão, ainda, conferidos o património artístico e o acervo da Associação República Rosa Luxemburgo, bem como a sua existência como referência local.

Já a Associação Real República Boa-Bay-Ela fui fundada em 26 de janeiro de 1956 e grande parte da sua história está documentada no livro comemorativo do seu 50º aniversário, elaborado por ilustres gerações de residentes que, com a colaboração de algumas pessoas “amigas da casa”, reuniram um precioso conjunto de testemunhos de antigos residentes da república, desde a data da sua fundação até à primeira década do séc. XXI. O documento é um testemunho da história da república e também da história da Academia de Coimbra e da sua relação com o Estado Novo, que demonstra que a atividade da Real República Boa-Bay-Ela teve um forte significado para a história local, contribuindo para o enriquecimento do tecido social e cultural da cidade de Coimbra. A presença dos cantautores Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira na Real República Boa-Bay-Ela era uma constante, tendo a casa inclusive servido de abrigo a Zeca Afonso, quando este se refugiava da PIDE. 

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A Real República Boa-Bay-Ela sempre recebeu inúmeras visitas e cerimónias, personalidades de referência nacional e internacional, com destaque também para as equipas desportivas, de várias modalidades, que lá eram recebidas quando vinham jogar contra a Académica de Coimbra. A república é ainda possuidora de património artístico e de um importante acervo, que validam também a sua importância como referência para a comunidade local, cumprindo todos os requisitos essenciais para vir a ser reconhecida como entidade de interesse histórico, cultural e social local. 

Caso os pedidos sejam aprovados na reunião de segunda-feira do executivo municipal, as decisões serão posteriormente submetidas a um período de consulta pública, de 20 dias, para que, por fim, seja elaborado o relatório final e aprovado o reconhecimento.

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Recorde-se que a CM Coimbra aprovou, na reunião do executivo municipal do dia 5 de março de 2019, uma ficha de candidatura para a instrução de processos de reconhecimento e proteção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local, de forma a auxiliar os estabelecimentos ou entidades que pretendessem ver efetivado esse reconhecimento. O objetivo passa, pois, por simplificar o procedimento, para que os estabelecimentos que se enquadrem nas categorias previstas na lei, entre eles as repúblicas de estudantes de Coimbra e as lojas com história, possam desencadear, com maior celeridade e simplicidade, o seu processo de pedido de reconhecimento como entidade de interesse histórico e cultural ou social local.

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