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Relatório defende que comunidades devem estar mais preparadas para enfrentar incêndios

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 28-02-2019

 O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais defende a realização de um “trabalho muito amplo” para que as comunidades fiquem mais preparadas para enfrentar os fogos, apesar de o trabalho já realizado pelo Governo.

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“Saúda-se o programa ‘Aldeia Segura, Pessoas Seguras’ que o Governo lançou, assim como as medidas de gestão de combustível em torno das casas, mas reconhece-se que há um trabalho muito amplo a realizar para tornar as comunidades mais resilientes e aptas para se defender dos efeitos do fogo, mesmo sem o apoio de entidades operacionais”, refere o relatório “Análise dos Incêndios Florestais ocorridos a 15 de outubro de 2017”, hoje divulgado.

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O documento feito pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, liderado por Domingos Xavier Viegas, sublinha que “as fatalidades registadas entre a população civil evidenciam a necessidade de se criar mais e melhor prevenção de incêndios, mais e melhores programas de sensibilização e de apoio à população, com vista a melhorar a sua segurança.

Como exemplo, a equipa do investigador Xavier Viegas indica que o facto de terem morrido menos pessoas em fuga ou fora de casa nos incêndios de 15 de outubro de 2017 “deveu-se certamente à perceção”, por parte da população, da mensagem reforçada após o fogo de Pedrógão Grande “de que não se deve sair de casa à última hora e com o fogo por perto”.

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“Nestes casos, com respeito pelas indicações das autoridades, é preferível permanecer em casa e procurar defendê-la desde que em segurança. É igualmente importante identificar antecipadamente, em cada aldeia ou lugar, locais ou casas seguras, que possam servir de refúgio ou abrigo, para moradores ou visitantes, em caso de incêndio”, frisa.

Os investigadores concluíram que, em muitas ocasiões, na ausência de forças de proteção civil, as populações tiveram de se defender pelos seus próprios meios o que veio evidenciar a diversidade de preparação e capacidade das pessoas para a autoproteção, o que em diversos casos levou à ocorrência de fatalidades.

“Houve outras situações em que elementos de valor como viaturas, habitações foram deixados à sua mercê, sem a presença de pessoas para as proteger. Estes factos vêm demonstrar a grande necessidade de sistemas de autoproteção em povoações e elementos de maior valor expostos ao fogo”, refere o relatório, dando conta que o desenvolvimento tecnológico atual oferece soluções de autoproteção de pessoas e bens que devem ser estrategicamente considerados ao nível nacional, distrital, local, pessoal e empresarial.

Prevenção, resposta e recuperação são as três componentes fundamentais do sistema de defesa contra incêndios rurais, defendendo os investigadores que deve ser acrescentada uma nova componente que é a “preparação” e que consiste na capacitação das pessoas, povoações e entidades para lidar com situações adversas como um incêndio rural.

O relatório salienta ainda que “não é suficiente limpar apenas uma parte do perímetro”, considerando que “ou se limpa tudo, ou então não se reduz significativamente o risco de a construção poder ser atingida pelo fogo”.

Os investigadores observaram que muitas casas foram atingidas por projeções vindas de grande distância, mesmo sem haver vegetação na envolvente próxima do edifício.

NO entanto, destacam que, embora o risco de a casa arder não seja totalmente eliminado com a limpeza, a probabilidade de ignições ao edifício “é incomparavelmente superior se a gestão de combustíveis nas imediações não tiver sido realizada”.

O incêndio de 15 de outubro de 2017 afetou sobretudo a região Centro de Portugal e provocou 51 mortos, quatro meses depois um outro fogo de grandes dimensões em Pedrógão Grande em que morreram 66 pessoas.

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