Reitor diz que Universidade de Coimbra já teria desaparecido se fosse privada – reitor

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 01-03-2018

O reitor João Gabriel Silva disse hoje que a Universidade de Coimbra (UC) “já teria desaparecido” se fosse uma instituição privada.

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Reitor da Universidade de Coimbra

Reitor da Universidade de Coimbra

“As instituições públicas, como a Universidade de Coimbra, têm de se guiar em pleno pelas normas do direito público”, defendeu, ao intervir na entrega do prémio anual da UC ao musicólogo Rui Vieira Nery, uma cerimónia que decorreu na Sala dos Capelos, reservada às sessões solenes da instituição fundada pelo rei D. Dinis, em 1290, primeiramente em Lisboa.

A agilidade “que tantas vezes se invoca para defender o regime privado em relação ao público é frequentemente apenas uma palavra positiva para designar a arbitrariedade e a desigualdade”, criticou.

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“Recuso com toda a intensidade a ideia que tantos propalam, como se de uma tautologia se tratasse, que o público é ineficiente e o privado eficiente”, acrescentou João Gabriel Silva.

A verdade “é que falências, arbitrariedades e decisões catastróficas ocorrem todos os dias no mundo privado”, salientou, na sessão comemorativa do 728.º aniversário da Universidade de Coimbra.

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Por sua vez, o presidente do conselho geral da UC, o professor universitário João Caraça, defendeu que, não havendo “receitas prontas para o consolo das almas, o único conforto existencial obtém-se querendo saber sempre mais, querer aprender continuamente, não deixando nunca de interrogar” as pessoas, o mundo e a natureza.

“O emprego tornou-se efémero, o bem-estar passageiro, o predomínio do Ocidente uma ilusão que se vai desfazendo em pó”, num momento em que “a superstição e o medo espraiam-se de novo”, sublinhou.

Por outro lado, “sem consciência crítica, esquece-se a memória e desinveste-se na cultura”, disse.

“A cultura é cara, será então a voz corrente, propagada por um poder usurpador que já não representa o povo”, acentuou o filho do matemático e humanista Bento de Jesus Caraça, opositor à ditadura de Salazar no âmbito do Movimento de Unidade Democrática (MUD).

Interveio ainda na sessão, além de Rui Vieira Nery, a diretora do Museu do Fado, Sara Pereira, que apresentou o galardoado, enquanto o banco Santander Totta, que patrocina o Prémio Universidade de Coimbra, no valor de 25 mil euros, se fez representar pela administradora Inês Oom de Sousa.

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