Coimbra
Região de Coimbra investe 573 mil euros no controlo de espécies invasoras
Região de Coimbra investe 573 mil euros no controlo de espécies invasoras
Oito municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM/RC) vão desenvolver, até final de 2021, um projeto de prevenção, controlo e erradicação de espécies exóticas e invasoras orçado em 573 mil euros, foi hoje anunciado.
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O projeto engloba os municípios de Mira, onde hoje foi apresentado em conferência de imprensa, Cantanhede, Montemor-o-Velho, Soure, Góis, Vila Nova de Poiares, Tábua e Figueira da Foz, sendo este último aquele que concentra a maior área de atuação, representando 87,7% (1.895 hectares) do total de 2.159 hectares de intervenção.
Na ocasião, o presidente da Câmara de Mira, Raul Almeida, frisou que a iniciativa, desenvolvida entre a CIM/RC e os oito municípios envolvidos, em parceria com a Agência Portuguesa do Ambiente, a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) e o Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra (UC), tem como objetivo último determinar uma “forma de erradicação de algumas espécies invasoras, como as acácias [flora terrestre] ou os jacintos-de-água [flora aquática]”.
Questionado pela Lusa sobre se o objetivo de erradicação das acácias e jacintos-de-água não é habitualmente considerado impossível pela comunidade científica, dada a sua grande disseminação territorial e as próprias características das espécies em causa (por exemplo as sementes que se mantêm nos cursos de água mesmo que estes sejam limpos), o autarca acabou por admitir que sim e que a erradicação seria “o cenário ideal”.
Presente na sessão, Elizabete Marchante, investigadora do Centro de Ecologia Funcional da UC, confirmou que com a sua disseminação territorial “ninguém vai conseguir em dois anos erradicar jacintos e acácias”.
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A intervenção proposta pelo projeto sobre essas invasoras específicas passa por “controlar as existentes” – referindo o exemplo da situação nos canais adjacentes ao rio Mondego em Montemor-o-Velho – e “não as deixar chegar” a novos cursos de água.
“Erradicar é palavra que só se usa para espécies invasoras que estão a chegar de novo [ao território]”, argumentou Elizabete Marchante.
O plano, apresentando por Jorge Brito, secretário-executivo da CIM/RC, inclui, entre outros objetivos, o controlo de espécies exóticas invasoras, “a avaliação da eficácia das metodologias aplicadas”, e a prevenção e deteção precoce, “através de soluções inovadoras de monitorização”.
O projeto inicia-se em 02 de janeiro de 2020 e decorre até 31 de dezembro de 2021, implicando um investimento de cerca de 573 mil euros, que vai custear, entre outras ações, a aquisição de uma ceifeira anfíbia capaz de laborar em meio aquático, mas também em terra, nas margens de lagoas e cursos de água, em valas e canais e cuja utilização será extensível aos oito municípios envolvidos.
O investimento engloba ainda a aquisição de barreiras flutuantes, um ‘drone’ para monitorização da aérea, caixas estanques ou armadilhas para lagostins, e a realização de um congresso internacional e ações de sensibilização para a problemática das espécies invasoras.
O plano incide, maioritariamente, na prevenção, controle e erradicação da flora aquática – total de 1.900 hectares, distribuídos pelos municípios da Figueira da Foz (1.755), nomeadamente na zona do estuário do rio Mondego, barrinha e lagoa de Mira (72 hectares), Montemor-o-Velho (28 hectares) e Soure (25 hectares).
Já a fauna aquática envolve 100 hectares relacionados, nomeadamente, com as invasões de lagostins no município da Figueira da Foz, enquanto a flora terrestre representa 159 hectares, 40 cada na Figueira da Foz, Mira e Cantanhede, concretamente nas zonas em redor da Lagoa da Vela e Mata Nacional de Quiaios e Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas, 12 hectares em Vila Nova de Poiares para controlo da acácia mimosa, 11 no Paul da Madriz, em Soure, nove hectares em Tábua e sete hectares na Mata da Oitava, em Góis.
Presente na sessão, o presidente da CIM/RC e autarca de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, afirmou que a iniciativa prova que se tem desenvolvido em Portugal “o princípio de uma nova política e uma nova mentalidade” com projetos supramunicipais que levam a que as fronteiras dos concelhos se venham a “dissipar”.
“Queremos com este projeto alcançar resultados práticos e também resultados científicos”, acrescentou José Carlos Alexandrino, sublinhando que a “experiência” da Região de Coimbra poderá estender-se, no futuro, a outros territórios do país.
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