Reconstrução do Interior que ardeu é insuficiente para inverter declínio

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 11-12-2017

Os apoios para reconstrução das centenas de casas e de empresas destruídas pelos incêndios deste ano e para a reflorestação e recuperação da agricultura não bastam para travar o despovoamento do interior da região Centro, defendem os municípios.

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oliveira

Para além de mais de praticamente 120 mortos, os fogos deste ano destruíram mais de um milhar de casas, grande parte das quais primeiras habitações, e mais de 500 empresas e 500 mil hectares de território, essencialmente de floresta e incluindo áreas protegidas, sobretudo no interior da região Centro, deixando-a mais exposta ao abandono, alertam os autarcas.

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Os apoios para a recuperação das áreas e bens ardidos, particularmente pelos incêndios que deflagraram em 17 de junho, em Pedrógão Grande, e em 15 e 16 de outubro, atingindo 27 concelhos, são indispensáveis.

Mas para além das ajudas às vítimas e, por exemplo, do plano de reflorestação do Pinhal de Leiria, há, em relação aos efeitos diretos dos fogos, outras situações que exigem atenção, adverte o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) de Leiria e presidente da Câmara desta cidade, Raul Castro.

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É necessário “fazer a contenção dos solos para evitar que as chuvas arrastem as cinzas e todos os detritos para as linhas de água e poder contaminá-las”.

São precisos “muros de contenção”, adverte à agência Lusa Raul Castro.

Para além da tragédia dos incêndios, impõe-se “combater a desertificação” e a solução é a criação de postos de trabalho, sustenta Raul Castro – “o desenvolvimento só se faz com pessoas e as pessoas precisam de trabalho”.

Têm de ser criados “incentivos para fixar empresas” nesses territórios, sintetiza Raul Castro, sob pena de o país “correr o risco de ter vários desertos”.

Impõem-se “a implementação de medidas de prevenção estruturais” e “o lançamento de programas de estímulo ao aumento da produtividade da fileira florestal”, além de outras de “combate à desertificação dos territórios afetados”, afirma, por outro lado, João Ataíde, presidente da CIM da Região de Coimbra e da Câmara da Figueira da Foz.

Entre as medidas de prevenção, João Ataíde aponta a “criação de unidade de planeamento florestal à escala intermunicipal”, a “execução das redes de faixas de gestão de combustível” e a “implementação dos sistemas de videovigilância florestal” e “programas de sensibilização e cultura de risco”.

Perante a “dimensão da tragédia dos incêndios que assolaram vários municípios da Região de Coimbra”, a CIM adotou “uma atitude proativa e de serviço público, assumindo as responsabilidades que lhe cabem na recuperação económica e social dos territórios afetados”, estando, neste momento a analisar e a encaminhar pedidos de apoio – “e são muitos” – para as entidades competentes.

A CIM também está a acompanhar “a implementação das medidas de restabelecimento do potencial produtivo para as empresas, bem como o apoio no quadro social para as famílias afetadas”, com particular atenção nos “impactos decorrentes dos incêndios florestais nomeadamente no que se refere à necessidade de estabilização das vertentes, retenção de solos e salvaguarda de recursos hídricos”.

A comunidade, que agrega 17 municípios, apresentou um quadro com 32 medidas urgentes para “a primeira abordagem assistencialista aos territórios afetados pelos incêndios, sendo que, em diversos domínios, como a agricultura ou o turismo”, algumas dessas propostas foram atendidas.

Mas é necessária “a descentralização das medidas de apoio” para permitir “uma maior eficácia e, acima de tudo, uma desburocratização do acesso ao quadro de medidas já em aplicação”, destaca João Ataíde.

oliveira hospital

Na CIM da Beira Baixa, cada um dos seus seis municípios está a tratar individualmente os processos de candidaturas referentes aos apoios disponibilizados, pois, face aos fogos florestais, trata-se de “realidades completamente diferentes” entre si, disse à Lusa o presidente da Comunidade e da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia.

Para o presidente da CIM Viseu Dão Lafões, Rogério Abrantes, é preciso “apostar em infraestruturas, como uma via alternativa ao Itinerário Principal (IP) 3, entre Viseu e Coimbra, e um aeroporto na região Centro”, para “ajudar o Interior a recuperar e a tornar-se mais desenvolvido”.

Deveria haver um aeroporto em Coimbra ou em Viseu, para promover a deslocação de turistas para o Interior, exemplifica Rogério Abrantes, que também é presidente da Câmara de Carregal do Sal.

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