Queima das Farpas conta porque é contra a Garraiada da Queima das Fitas

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 24-02-2018

A continuidade da garraiada no programa da Queima das Fitas de Coimbra vai ser objeto de referendo à comunidade estudantil, a 13 de março, depois de a comissão organizadora ter proposto o seu fim, divulgou a organização do evento.

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garraida

O movimento “Queima das Farpas”, que diz ter surgido com o objectivo único de abolir a tauromaquia da Queima das Fitas Coimbra, afirma que “ao contrário daquilo que muitos nos acusam, não nos opomos “à tradição”.

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Foi ela que trouxe muitos e muitas de nós até esta cidade que hoje temos também como nossa, afirma o movimento em comunicado enviado a NDC.

Queima das Farpas salienta que “qualquer tradição merece ser encarada com espírito crítico e avaliada à luz dos conhecimentos de hoje e não dos que lhe deram origem. Estudamos no Ensino Superior porque sabemos que há sempre mais a aprender e queremos ser um motor que nos levará a nós e aos nossos mais longe no campo do conhecimento e da sua aplicação. Por uma sociedade mais ética, mais compassiva e mais justa para todos e todas”.

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Sempre estranhámos que na Academia Coimbrã persistisse a mancha tauromáquica. Principalmente quando percebemos que a mesma tem sido sustentada pelo argumento da tradição – que por si só é completamente vazio, não se sustenta sem outros motivos, lamenta o movimento

Este grupo considera ainda que a “garraiada é lesiva para todos os participantes voluntários pois fomenta e valida o exercício de violência gratuita contra animais; é um espaço em que a agressão é aplaudida e o sofrimento é motivo de riso; um espaço em que está presente o total alheamento da realidade e está ausente a capacidade de análise crítica com base em factos. Acreditamos que isto é o exacto oposto da vivência universitária – momento em que nos formamos enquanto profissionais e enquanto cidadãos”.

É também uma actividade cujo prejuízo já ultrapassa os 30.000€ anuais – dinheiro esse que faz muita falta na nossa estrutura associativista e que seria muito melhor utilizado na organização de actividades mais consensuais e tradicionais nas quais toda a gente se revê, lamenta o movimento Queima das Farpas.

Por tudo isto, é com enorme satisfação que vemos uma Comissão Central da Queima das Fitas que não só tomou a iniciativa de abolir, como tem mostrado de forma consistente estar atenta à realidade que nos rodeia no presente. É esta coragem que queremos ver na nossa Academia. São estas pessoas que mantêm o verdadeiro Espírito Académico que nos trouxe até onde estamos hoje e que não nos deixou ficar lá atrás parados no tempo, vincam os contestatários.

O manifesto termina referindo que “O referendo não é o que pretendíamos, acreditamos que direitos não devem ser objecto de tal. Mas tendo sido o consenso conseguido, tudo faremos para que o maior número de estudantes expresse a sua vontade e que essa seja informada e consciente. Até à abolição!”

Lembramos que para o ano de 2018, “a Comissão Central da Queima das Fitas decidiu, por unanimidade, propor a abolição da garraiada como evento tradicional da festa”, revelou por estes dias a organização daquela festa académica, referindo que, face a essa posição, o Conselho de Veteranos e a Associação Académica de Coimbra (AAC) – entidades tutelares da Queima – acordaram em realizar um referendo aos estudantes da Universidade de Coimbra sobre o futuro da garraiada.

Segundo a nota de imprensa, assinado pelo presidente da AAC e pelo Dux Veteranorum, o referendo à comunidade estudantil vai decorrer a 13 de março, nas faculdades da Universidade de Coimbra.

A decisão de propor a abolição da garraiada surge depois de, em 2016, a garraiada ter sofrido algumas alterações (foi retirada a lide do novilho a pé e a cavalo), face a protestos e discussão no seio da academia contra a realização do evento.

O presidente da direção-geral da AAC, Alexandre Amado, afirmou à agência Lusa que “é muito positivo que se debata” esta matéria, sublinhando que “há pertinência em vários argumentos que vão sendo levantados” sobre a continuidade da garraiada.

Questionado pela agência Lusa, Alexandre Amado recusou revelar a sua posição sobre a abolição da garraiada, referindo que a direção-geral ainda não tem uma posição institucional sobre a matéria, sendo que, em breve, deverá pronunciar-se sobre se toma ou não uma posição, ou se cada um dos seus elementos se pronuncia a título pessoal.

Também o Dux Veteranorum do Conselho dos Veteranos, João Luís Jesus, optou por não revelar a sua posição sobre a matéria, salientando que a entidade que lidera “não vai tomar nenhuma posição sobre se a garraiada deve ou não continuar”.

“O Conselho de Veteranos há vários anos que nota que há uma discussão crescente sobre a existência ou não da garraiada no programa oficial da Queima das Fitas”, explicou, referindo que, face à posição da comissão organizadora de querer abolir a garraiada, os veteranos propuseram que esta decisão teria de ser tomada com recurso a uma consulta à academia, sob a forma de um referendo.

A Queima das Fitas de Coimbra realiza-se este ano de 04 a 11 de maio.

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