Coimbra

Proteção Civil admite voltar a recorrer a aditivos no combate a fogos florestais

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 11-04-2014

O diretor Nacional de Bombeiros, José Pedro Lopes, disse hoje, na Figueira da Foz, que a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) admite voltar a recorrer a aditivos na água para combater incêndios florestais.

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Depois de, nos últimos anos, ter deixado de utilizar químicos retardantes na água para combate aos fogos, por se tratar de produtos cuja “relação preço/eficácia não era favorável”, a ANPC admite voltar a recorrer a aditivos que “revelem ter vantagens”, afirmou o responsável, que falava aos jornalistas, à margem de uma demonstração técnica de um novo produto para aquele efeito, hoje na Figueira da Foz.

“Se a relação custo/eficácia permitir” a utilização daquele tipo de produtos “é uma possibilidade a não descartar”, sublinhou José Pedro Lopes, afirmando que “hoje se reconhecem as vantagens da utilização de aditivos” e a ANPC recorrerá a eles “dentro das [suas] capacidades financeiras”.

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O produto ensaiado hoje, numa área de pinhal da zona industrial da Figueira da Foz, deixou os responsáveis da ANPC e bombeiros que participaram na sessão “satisfeitos” e pode “vir a ser adquirido”, mas isso exige, naturalmente, “os procedimentos habituais” nestas circunstâncias, como os respetivos concursos, o que, no entanto, não inviabiliza a sua utilização no próximo verão, adiantou o diretor Nacional de Bombeiros.

Embora estivesse anunciada a presença do presidente da ANPC no ensaio do novo aditivo, Manuel Mateus Couto não compareceu, fazendo-se representar pelo diretor Nacional de Bombeiros.

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Instado pela agência Lusa, José Pedro Lopes disse não querer comentar a anunciada saída do presidente da ANPC para o comando da GNR, considerando que “isso não vai, com certeza, afetar a estrutura”.

Está “tudo preparado e organizado” e “os bombeiros estão preparados” para enfrentarem a época de incêndios florestais, assegurou.

José Pedro Lopes espera, contudo, que as condições climatéricas não sejam, este ano, tão adversas quanto foram em 2013, “um ano que foi catastrófico”, sobretudo pelos “prejuízos humanos” registados.

O novo produto – Licet-F (LF-2) –, embora tenha começado a ser desenvolvido para “ser um retardante, acabou por ser um bloqueador” de chamas, explicou aos jornalistas Eduardo Carmo, da empresa brasileira Fire Limit, salientando que isso só foi possível “depois de anos e muito de trabalho de investigação”.

O LF-2, que “é 100% biodegradável” num espaço máximo de tempo de 28 dias após a sua utilização no terreno, ao entrar em contacto com a vegetação “liberta nitrogénio e expulsa o oxigénio, quebrando as condições” necessárias para e manutenção da combustão, explicou o responsável da empresa brasileira que desenvolveu o produto, que está a ser utilizado no Brasil, desde 2006, na Indonésia e em Espanha – neste país sobretudo desde 2010, na Galiza, onde a Fire Limit está a instalar (em Vigo) uma fábrica, para responder essencialmente aos mercados europeu e australiano.

O “bloqueador” de fogo (em pó ou líquido), deve ser diluído na água em quantidades correspondentes às condições de tempo e características da vegetação a defender das chamas, o que dificulta a avaliação da quantidade necessária e o respetivo custo, sustentou Eduardo Carmo, revelando que o preço do LF-2 é da ordem dos três/quatro euros por quilo ou litro.

“Quanto melhor for pulverizada a área de vegetação, mais eficiente se torna” o novo produto, que “não é tóxico” e “deve ser usado no combate direto ao incêndio”, mas adverte, sem apagar as chamas – ele “trava, bloqueia” o fogo, “aprimora o efeito da água” e, sobretudo “protege os bombeiros na sua intervenção e potencia a sua ação no combate aos incêndios florestais”, funcionando como “uma linha de defesa”, afirmou Eduardo Carmo.

 

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