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Presidente do Brasil diz que lei contra discriminação salarial pode dificultar emprego para mulheres

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 23-04-2021

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou na quinta-feira que, caso aprove a multa laboral para empregadores que pratiquem discriminação salarial entre sexos, isso pode tornar “quase impossível” a entrada de mulheres no mercado de trabalho.

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Em causa está um projeto, aprovado no fim de março pelo Senado do Brasil, segundo o qual a punição para empregadores passa a ser até cinco vezes a diferença salarial verificada entre o homem e a mulher que exerçam a mesma função.

“Qual a consequência disso? Vetado, vou ser massacrado. Sancionado [aprovado], você acha que as mulheres vão ter mais facilidade de arranjar emprego, ou não, no mercado de trabalho. Vamos ver, se eu sancionar, como vai ser o mercado de trabalho para a mulher no futuro. É difícil para todo mundo, para a mulher é um pouco mais difícil. [Vamos ver] se o emprego vai ser quase impossível, ou não”, afirmou Bolsonaro, na sua habitual transmissão em vídeo na rede social Facebook.

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Jair Bolsonaro pediu então para que os seus seguidores respondessem nos comentários do vídeo se deveria, ou não, aprovar o projeto.

“Você pode estar dizendo: ‘o patrão tem que tomar vergonha na cara’. Pode acontecer que o pessoal não contrate ou contrate menos mulheres. Não vou discutir o mérito. Segunda-feira é o ‘dia D’. Vou ver nos comentários desta ‘live’ se eu devo sancionar ou vetar o projeto que aumenta a multa para aquele que pague salário menor”, acrescentou o Presidente.

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De acordo com o chefe de Estado, na Justiça laboral brasileira, a maioria das decisões favorece o empregado em detrimento do empregador e que, caso aprove o projeto, muitos empresários deixarão de contratar mulheres com medo de serem enquadrados na lei.

A transmissão ao vivo de Jair Bolsonaro foi ainda marcada por comentários sobre a pandemia de covid-19 e o processo de imunização, criticando o facto de “só se falar de vacina”.

Ao lado do ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, o chefe de Estado defendeu o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento da doença causada pelo novo coronavírus.

“É impressionante como só se fala em vacina, não é? Mas também, uma compra bilionária, no mundo todo, então é só vacina. Ninguém é contra a vacina”, salientou.

Bolsonaro aconselhou ainda Marcos Pontes a ter “cuidado” com as palavras porque, caso contrário, a transmissão poderia ser derrubada pelo Facebook.

O Presidente referia-se ao facto de a rede social ter passado a remover conteúdos que incentivem tratamentos ineficazes contra a covid-19, como é o caso do uso de fármacos como nitazoxanida, ivermectina ou cloroquina, amplamente defendidos pelo Governo de Bolsonaro.

“Tem alguma coisa, não vou falar para não cair a ‘live’. Eu tomei um ‘negócio’ no ano passado e, se eu tiver problemas de novo, eu vou tomar a mesma coisa”, afirmou, numa referência velada à cloroquina, que já confirmou, por várias vezes, ter tomado quando esteve infetado com o novo coronavírus, no ano passado.

“Aquilo que tomei serve para malária, lúpus e artrite, se não me engano. (…) O pessoal consumiu muito isso, como também consumiu outro ‘negócio’ que não podemos falar o nome aqui”, acrescentou.

O Brasil vive atualmente a pior fase da pandemia, agravada pela circulação de variantes do vírus consideradas mais infecciosas, e já conta com mais de 383 mil mortes e de 14,1 milhões de infetados.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.060.859 mortos no mundo, resultantes de mais de 143,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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