Presidente da República diz que usará todos os poderes contra fragilidade do Estado

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 17-10-2017

O Presidente da República advertiu hoje que usará todos os seus poderes contra a fragilidade do Estado que considerou existir face aos incêndios que mataram mais de 100 pessoas, e defendeu que se justifica um pedido de desculpa.

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marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa falava numa declaração ao país, feita a partir da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, concelho do distrito de Coimbra, que foi um dos mais afetados pelos incêndios que deflagraram no domingo.

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O chefe de Estado prometeu que “estará atento e exercerá todos os seus poderes para garantir que onde existiu ou existe fragilidade, ela terá de deixar de existir”.

Depois, exigiu uma “rutura” com o passado e aconselhou “humildade cívica”, afirmando: “É a melhor, se não a única forma de verdadeiramente pedir desculpa às vítimas de junho e de outubro – e de facto é justificável que se peça desculpa”.

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“Quem não entenda isto, humildade cívica e rutura com o que não provou ou não convenceu, não entende nada do essencial que se passou no nosso país. Para mim, como Presidente da República, o mudar de vida neste domínio é um dos testes decisivos ao cumprimento do mandato que assumi, e nele me empenharei totalmente até ao fim desse mandato”, assegurou.

No seu entender, “impõem-no milhões de portugueses, mas impõem-no sobretudo os mais de cem portugueses que tanto esperavam da vida no início do verão de 2017 e não chegaram ao dia de hoje”.

O Presidente da República começou a sua intervenção falando do ponto de vista pessoal, dizendo que “reterá para sempre na sua memória imagens como as de Pedrógão” e as histórias do combate aos incêndios de junho e do passado domingo.

“Por muito que a frieza destes tempos cheios de números e de chavões políticos, económicos e financeiros nos convidem a minimizar ou banalizar, estes mais de cem mortos não mais sairão do meu pensamento, como um peso enorme na minha consciência, tal como no meu mandato presidencial”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa advogou que é preciso “olhar para os dramas de carne e osso” de forma próxima, porque “o fundamental é o que vai na alma de cada uma e de cada um dos portugueses”.

“Mais de 100 mortos em menos de quatro meses, sendo um peso na consciência, são igualmente uma interpelação política, uma interpelação política ao Presidente da República, que foi eleito para servir incondicionalmente os portugueses, para cumprir e fazer cumprir uma Constituição que quer garantir a segurança e a confiança dos cidadãos”, prosseguiu.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a segurança e a confiança dos cidadãos estão em causa para muitos portugueses, que “não viram os poderes públicos como garante” desses princípios.

De acordo com o chefe de Estado, é inegável que muitos “ficaram fragilizados” perante “o que lhes pareceu a insuficiência de estruturas ou pessoas” no combate aos incêndios deste ano.

“Ficaram, sobretudo, fragilizados perante a ideia da impotência, da impotência da sociedade e dos poderes públicos em face de tamanha confluência de catástrofes no tempo e no espaço”, reforçou.

Admitindo que possa ser “em muitos casos excessiva ou injusta”, o chefe de Estado insistiu: “O certo é que a fragilidade existiu e existe, e atinge os poderes públicos. E exige-se uma resposta rápida”.

Neste contexto, rejeitou a possibilidade de se “conviver com novas tragédias”, prometendo atuar com “todos os seus poderes” para que haja mudanças e a segurança e a confiança sejam salvaguardadas.

“É tempo de reconstruir, de iniciar um novo caminho, de acreditar no futuro, na base da mudança em relação ao passado”, afirmou.

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