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Pedida condenação do bolseiro que cortou braço a professora da Universidade de Coimbra

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 16-02-2018

O doutorando que atacou professora da Universidade de Coimbra à machadada regressou ao tribunal de Coimbra para ouvir as alegações finais.

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Em sede de alegações finais, o Ministério Público pediu que o agressor seja condenado, considerando que o arguido cometeu os factos constantes na acusação.

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A magistrada, que substitui uma colega doente, sublinhou que a condição do arguido o torna mais perigoso.

O antigo doutorando da UC, de 37 anos, está acusado de homicídio qualificado na forma tentada por ter desferido vários golpes com uma machada na docente Filomena Figueiredo, no Departamento de Física, a 04 de agosto de 2014.

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Novais Teixeira, advogado da agredida, alegou que o arguido deve ser condenado pelos factos que vem acusado.

Lamentou a postura permissiva da Universidade, que, no seu entender, deve ser responsabilizada por não ter agido no sentido de restringir a presença do arguido nas suas instalações.

Afonso Pedrosa, defensor da Universidade de Coimbra afirmou que não deve ser dado provimento ao pedido de indemnização civel.

Não é admissível, não há culpa da UC, acrescenta, antes de pedir a absolvição do estabelecimento de ensino.

Duarte Figueiredo,  mandatário do agressor, questionou a tipologia dos crimes em julgamento.

Pede que o arguido seja apenas julgado por um crime de ofensa à integridade física. Sublinha que deve ser considerado o facto do arguido não ter antecedentes criminais.

O arguido aproveitou a oportunidade para questionar a postura do Ministério Público neste e noutros processos.

Começou a divagar. A dizer o que já tinha dito. A Presidente do Colectivo teve de pedir ao advogado para o mandar calar.

A sentença de Colin Paul Gloster será conhecida no dia 8 de março.

Duarte Figueiredo, advogado do arguido, falou com a comunicação social no final da audiência:

Antes, Pedro Alves,  psicólogo clínico que presta declarações na qualidade de testemunha, disse que o agressor sofre de incapacidade com as mesmas características do autismo. Sofrerá de síndrome de Asperger.

A síndrome de Asperger consiste numa perturbação que afeta o desenvolvimento das capacidades de comunicação e de relacionamento de uma pessoa. Atualmente, esta perturbação atinge cerca de uma em cada duzentas pessoas, sendo mais frequente nos indivíduos do sexo masculino.

Desde a infância, as pessoas que sofrem desta condição neuropsiquiátrica apresentam dificuldades em se relacionar com o outro e comportamentos repetitivos, os quais podem gerar dificuldades em pequenas atividades do dia-a-dia

Pedro Alves garante que o irlandês Colin Glster não apresenta o mínimo de perigosidade social.

Questionado por um advogado se existe o perigo de  Colin voltar a fazer algo idêntico, o médico disse que  “claro que sim”, sobretudo se o arguido não continuar a ter acompanhamento ou for confrontado com situações adversas.  Não “consciência dos atos”, acrescenta.

“É uma panela de pressão pronta a explodir”, anuiu o psicólogo à delegada do Ministério Público, que lhe recorda que a perícia declarou o agressor imputável.

Um dos juízes do Colectivo questionou a ausência da família do arguido em todo o processo. Não há vínculo? “Não. É abandono total”, respondeu a testemunha.

A testemunha acompanha o arguido desde outubro de 2017. Estiveram  juntos em 3 consultas.

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Recordamos que o investigador afirmou em tribunal que estava sem abrigo e com fome aquando do crime, frisando que a intenção não era matar, mas cortar um braço à professora.

O antigo doutorando da Universidade de Coimbra, de 37 anos, acusado pelo Ministério Público de homicídio qualificado na forma tentada confirmou na sessão anterior a esta que em agosto de 2014 entrou no Departamento de Física e desferiu vários golpes com uma machada na docente Filomena Figueiredo.

Ao contrário do que é referido na acusação, o investigador, diagnosticado com autismo, explica que nunca teve intenção de matar a docente.

“Dirigi a machada a um dos braços. Tentei fazer justiça num país onde não existe. Numa situação ideal, não usava a machada, mas a realidade não é ideal. Nunca tentei matar. Eu preferia ter a capacidade mágica de ela [a docente] sentir remorsos, mas não tenho poderes mágicos. Queria que ela não passasse impune com os crimes que cometeu contra mim. O objetivo era cortar um braço”, disse em tribunal o arguido, que referiu que tinha tentado mover um processo por difamação à docente e que tinha um outro processo a correr no Tribunal Administrativo para receber o dinheiro que lhe era devido pela Universidade de Coimbra.

O crime ocorreu no dia em que o investigador foi informado de que tinha uma dívida de mais de 5.000 euros à Universidade de Coimbra (UC) e que o seu orientador tinha pedido renúncia para prosseguir com a orientação do doutoramento.

Sem nunca ter tido a oportunidade de explicar de forma clara o que o moveu para cometer o crime ou o porquê de não ter bolsa, o arguido sublinhou que estava numa situação absolutamente precária.

“Eu estava com medo, estava com fome, estava sem abrigo. Pensei que se eu cortasse um braço, poderia continuar a viver e a comer comida na prisão”, disse, emocionado e de voz embargada, apontando para a docente Filomena Figueiredo como a responsável por não lhe ter sido atribuída bolsa.

O arguido explicou que já era investigador antes de vir trabalhar para Portugal, em 2007, e que “foi procurado” por ser “muito bom” naquilo que fazia.

“Existe fraude. Eu não devo qualquer dinheiro à Universidade de Coimbra. Eles é que me devem dinheiro”, vincou o investigador, sublinhando que na altura do crime “estava a ficar sem dinheiro para viver”.

Durante o período de estadia em Coimbra, o investigador chegou a estar internado no Hospital Psiquiátrico de Coimbra e, posteriormente, transferido para a Irlanda, antes de regressar novamente a Coimbra, com alta médica.

No processo, é referido que o antigo doutorando terá sido alvo de várias queixas de colegas, tendo sido acusado de ter desligado “de forma danosa os servidores da rede GIAN [Grupo de Instrumentação Atómica e Nuclear]”.

A vítima explicou que estava no mesmo grupo de trabalho do arguido, mas sem qualquer relação – apenas cumprimentos de bom dia e boa tarde.

A situação alterou-se, explanou, um ano e meio a dois anos antes do crime, quando o investigador “partiu material” na sala dos computadores.

Na altura, defendeu que se deveria ter chamado a polícia e que o arguido deveria ser responsabilizado pela atitude.

“Não foi essa a opinião do grupo, que achava que havia circunstâncias atenuantes [um problema que tinha impedido a atribuição da bolsa da FCT ao investigador]. Eu achava que não”, frisou, salientando que era da opinião de que não se podia “achar que ele era um coitadinho”.

A docente do Departamento de Física contou em tribunal que, após esse incidente, a sua atitude para com o arguido mudou, tendo passado a ser uma pessoa com quem Filomena Figueiredo tinha as suas reservas.

“Ele sabia disso”, acrescentou.

Apesar de falar desse incidente como uma possibilidade de motivo para o crime, Filomena Figueiredo não conseguiu apontar para a razão que levou o arguido a atacá-la a 04 de agosto de 2014.

Notícia em desenvolvimento

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