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Pastor continua a subir a serra mas está preocupado com quebras nas vendas de cabritos

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 03-04-2020

O criador de cabra bravia Joaquim Esteves, de Murgido, Amarante, queixou-se hoje de um “grande prejuízo” nesta altura que antecede a Páscoa devido às quebras nas vendas de cabritos por causa da pandemia de covid-19.

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“Tenho aqui aproximadamente 200 cabritos, saíram 12 na semana passada e tenho, neste momento, quatro encomendas para particulares. Está muito mau”, afirmou hoje à agência Lusa.

A Páscoa representa um dos pontos altos deste negócio, no entanto, este ano, por causa da pandemia de covid-19, o escoamento dos cabritos está a ressentir-se.

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O produtor disse que os seus principais clientes, os restaurantes, estão fechados e não estão a comprar.

“E eu vivo do pastoreio, não tenho outra atividade e do que é que eu vou viver agora? A produção é a fonte do nosso rendimento”, sublinhou o pastor de 46 anos.

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Joaquim Esteves tem um rebanho de cerca de 300 cabras, mais os 200 cabritos.

“As cabras pariram para vender nesta altura e não estamos a conseguir vender”, afirmou.

O produtor referiu que vai guardar as fêmeas para aumentar o rebanho e reprodução e, quanto aos restantes animais que não forem vendidos, irá congelar a carne, bem como ainda oferecer alguns.

A rotina dos dias mantém-se para o pastor que continua a sair com o rebanho para a serra do Marão, que fica próxima do lugar de Murgido onde vive, na freguesia de Candemil, concelho de Amarante, distrito do Porto.

“Faço a vida normal. Todos os dias vou para a minha exploração, ando sozinho na serra, não há ninguém à minha volta, por isso não há risco de ser contagiado”, salientou.

Mas, se na Serra é “como se não houvesse pandemia”, a nível do escoamento a situação “está mesmo preocupante”.

“Isto abana, abana uma pessoa que não tem alternativas, nem poupanças. Nesta atividade vive-se o dia-a-dia”, sublinhou.

Joaquim Esteves é associado da Associação Nacional de Criadores de Cabra Bravia (ANCABRA), que tem sede em Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real.

A ANCABRA possui cerca de 90 associados e um efetivo de 10.000 fêmeas espalhadas essencialmente pelas serras do Marão, Alvão, Cabreira, Peneda e Gerês.

Amaro Ferreira, responsável pela associação, disse à Lusa que os produtores “estão apreensivos” com o momento que se está a viver por causa da covid-19.

“Esta última semana que antecede a Páscoa vai ser determinante, os animais ainda estão nas explorações e começariam a ser recolhidos para abate nestes próximos dias. Está muito complicado”, salientou.

Amaro Ferreira considerou que o “setor se vai ressentir imenso” porque, no caso concreto da cabra bravia, a “produção é sazonal e está muito concentrada para o Natal e para a Páscoa”.

Os associados da ANCABRA escoam o produto “para intermediários, cujos negócios estão mais ou menos fechados, mas não há, neste momento, a garantia de que vão recolher todos os animais, toda a produção” até porque, segundo o responsável, “os matadouros não estão a 100% da sua capacidade”.

Elencou ainda o “mercado da saudade”, assente no regresso dos emigrantes nesta altura, só que muitos cancelaram as viagens para a Páscoa, bem como realçou as “restrições a nível do transporte de pessoas e até mesmo de mercadorias”.

“Depois os restaurantes e hotéis que estão fechados e os mercados e as feiras onde se vendiam os animais vivos também não se estão a fazer. Estamos todos muito apreensivos”, salientou.

Amaro Ferreira referiu que alguns produtores poderão optar por ficar com os animais, no entanto ressalvou que isso irá “aumentar a despesa com a alimentação” e que as “dimensões das explorações não estão preparadas”. 

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