Coimbra

Pandemia: Manifesto pede financiamento de emergência

Rui Avelar | 4 anos atrás em 16-03-2020

“Um programa de emergência de larga escala requer um financiamento de emergência também de larga escala” para fazer face à situação gerada pelo novo coronavírus, advertem os autores de um manifesto divulgado hoje.

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Intitulado “A União Europeia e a democracia têm de estar à altura”, o documento, da autoria de 13 professores universitários, é subscrito pelos docentes da Faculdade de Economia de Coimbra Pedro Bação e Tiago Sequeira.

Ao recomendarem um financiamento de grande escala, tais economistas preconizam que o Banco Central Europeu (BCE) seja autorizado a viabilizá-lo. “A incerteza sobre a futura solvência dos negócios é crucial para assegurar o fornecimento de bens e serviços essenciais”, acentuam os 13 autores, que exortam à adopção de medidas de apoio para as pessoas que irão perder parte significativa dos respectivos rendimentos.

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“As autoridades públicas têm de actuar de uma forma que faça com que os agentes económicos compreendam que, apesar de vivermos tempos difíceis, a situação está sob controlo”, assinalam.

Assegurar às empresas acesso a financiamento extraordinário é necessário para impedir que a crise financeira não agrave a crise da economia real e aumente ainda mais as tensões na sociedade, potencialmente para níveis perigosos, adverte o manifesto.

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Os 13 economistas pedem que a União Europeia actue de imediato para “impedir que o sofrimento atinja níveis inéditos na Europa desde a II Guerra Mundial” (1939 – 45) e para “salvaguarda dos valores democráticos”.

“Os contratos de crédito tradicionais não são adequados – para manter a confiança e levar a que os empresários escolham manter as suas empresas abertas, o impacto destes créditos adicionais não pode ter muito peso no seu passivo”, recomendam.

Os países, prosseguem os académicos, necessitam da garantia de poderem recorrer a défices temporários sem terem de enfrentar outra crise das dívidas soberanas.

Segundo o documento, “é difícil de prever a dimensão das necessidades de financiamento, mas é provável a exigência de uma intervenção de uma magnitude extraordinária”.

Neste contexto de enorme incerteza, os 13 autores acreditam que qualquer coisa semelhante à monetização do défice (possivelmente com nome diferente) é uma parte necessária da solução.

“Uma possibilidade”, assinalam, “é que o BCE garanta empréstimos de longuíssimos prazos (mais de 50 anos), a taxas de juro muito baixas (possivelmente, zero) e, com certeza, com amortizações muito diferidas no tempo”.

Medidas como a que consiste em imprimir moeda para entregar a alguns sectores da população e das empresas, ou a criação das Eurobonds ou das European Safe Bonds, devem ser seriamente consideradas pelas autoridades políticas e pelo BCE, preconiza o manifesto.

A par de Pedro Bação e Tiago Sequeira, são subscritores do documento Cátia Baptista, Fernando Alexandre, Fernando Anjos, João Cerejeira, José Tavares, Luís Aguiar-Conraria, Miguel Portela, Odd Straume, Pedro Brinca, Sandra Maximiniano e Susana Peralta.

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