Palha para animais é primeiro pedido de habitantes de aldeias serranas onde fogo andou

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 22-06-2017

O primeiro pedido dos habitantes das aldeias da serra afetadas pelo incêndio de Góis é comida para o gado, que ficou sem palha e sem pasto, afirma uma associação que está a fazer o levantamento das necessidades mais urgentes.

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O presidente da Associação para o Desenvolvimento Integrado Beira Serra (ADIBER), Miguel Ventura, afirmou à agência Lusa que a criação de animais, sobretudo cabras e ovelhas, é para os habitantes das aldeias “a única forma de ter produtos e mais rendimentos” e que o fogo “queimou tudo o que era pasto e palha”.

Ainda hoje chegará a Góis um camião fornecido pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro carregado de palha, afirmou, indicando que outros agricultores também ofereceram ajuda.

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A associação que dirige está a percorrer as aldeias das várias freguesias onde o incêndio de Góis provocou estragos, e de onde várias pessoas foram retiradas por precaução, apesar de nenhuma casa ter ardido e de não haver danos pessoais.

Miguel Ventura salientou que há, por parte dos habitantes, receio do que as próximas chuvas possam fazer, arrastando todas as cinzas que cobrem o solo, que vão parar aos cursos de água, e toda a madeira morta.

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“É tempo de começar a pensar na recuperação do património rural”, disse, apontando a perda de vegetação, de oliveiras, de colmeias como efeitos do fogo que até hoje de manhã esteve fora de controlo.

Os prejuízos ainda não se conseguem calcular, mas os habitantes estão “resignados porque não é a primeira vez que acontece”.

“O fogo é assassino e destruidor, a nossa pequena economia local e rural ficou dizimada. Como é que se podem fixar pessoas no interior quando ciclicamente se sofre deste flagelo?”, questionou.

Miguel Ventura disse esperar que a “fatalidade” que marcou os últimos dias no centro do país, com 64 mortos no concelho de Pedrógão Grande, “desperte o olhar de quem de direito”.

“Não foi só Góis ou o Pedrógão Grande que perderam, foi Portugal que perdeu”, declarou.

O concelho de Góis conta para se desenvolver com o turismo e, depois de um fogo devastador, “as pessoas ficam com receio de vir”, lamentou.

À administração central pede “confiança nos atores locais” como a associação que dirige: “nós não andamos por cá só quando há catástrofes”, remata.

O Ministério da Agricultura, em comunicado hoje divulgado, informou estar a coordenar a distribuição de alimentos para os animais das zonas afetadas pelos incêndios nos concelhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pampilhosa da Serra e Pedrogão Grande.

A Companhia das Lezírias e a CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal disponibilizaram 60 toneladas de fardos de palha e feno, enquanto a IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais disponibilizou 50 toneladas de alimentos compostos, fornecidos por 16 empresas associadas, alimentos que se destinam a animais de produção e também a animais de companhia.

O ministério prevê que a Companhia das Lezírias e a CAP venham a disponibilizar, “a curto prazo, mais 90 toneladas” de fardos de feno nos concelhos onde se verifiquem maiores carências.

Os técnicos do Ministério da Agricultura estão no terreno a fazer o levantamento dos prejuízos, para o Governo acionar as medidas de apoio aos agricultores e à floresta desencadeadas na sequência dos incêndios.

O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.

O fogo começou em Escalos Fundeiros, e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.

Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Este incêndio já consumiu cerca de 30 mil hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.

 

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