Os tristes números dos fogos florestais de Góis e Pedrógão Grande

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 16-07-2017

Dois grandes fogos florestais deflagraram a 17 de junho, sábado, em Pedrógão Grande (distrito de Leiria) e Góis (distrito de Coimbra), na região Centro.

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pedrógão

As chamas de Pedrógão Grande alastraram-se rapidamente a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, chegando ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra e Penela.

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O fogo que teve início em Góis atingiu também Arganil e Pampilhosa da Serra. Os incêndios apenas foram considerados extintos no sábado seguinte. Eis vários números associados a estes fogos:

VÍTIMAS:

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– O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande provocou 64 mortos e mais de 200 feridos.

– Das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, 47 morreram na Estrada Nacional 236-1 ou em acessos próximos, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.

– Até 27 de junho, o Instituto Nacional de Emergência Médica sinalizou 42 pessoas da zona afetada pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande com necessidade de acompanhamento e de reavaliação a nível psicológico.

– A Linha Nacional de Emergência Nacional, que foi reforçada durante o incêndio de Pedrógão Grande, recebeu entre 18 e 22 de junho 2.308 chamadas, uma média de 408 por dia. O maior número de chamadas foi recebido a 19 de junho (659), dois dias depois de terem deflagrado os incêndios na região Centro.

MEIOS DE SOCORRO:

– Durante o combate às chamas, a página da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) na internet chegou a dar conta de um total superior a 2.000 operacionais das diferentes forças de segurança e socorro nas operações, nos dois incêndios.

– A Força Aérea Portuguesa disse à Lusa ter empenhado um Helicóptero ALL III, um avião C-295, uma aeronave P-3, máquinas de arrasto e deu apoio, nas bases aéreas do Montijo e de Monte Real, aos meios aéreos estrangeiros envolvidos nos combates às chamas.

– A Marinha enviou para o terreno, segundo informação disponibilizada à Lusa, 249 elementos, dos quais 205 fuzileiros, 37 militares de outras classes e sete elementos da Autoridade Marítima Nacional, onde se incluíam dois psicólogos. Enviou também para Pedrógão Grande quase 40 viaturas.

– No âmbito da missão de apoio à Autoridade Nacional de Proteção Civil, o Exército empenhou quase 350 militares nas operações de combate aos incêndios de Pedrógão Grande, Góis e ainda nos municípios de Vila Real e Viseu, incluindo equipas de psicólogos. O Exército comunicou ainda ter disponibilizado mais de 80 viaturas e cinco máquinas de arrasto.

– Em resposta ao pedido da Lusa para indicação do número de elementos envolvidos no combate, a ANPC referiu a 11 de julho que a conclusão do relatório da operação de proteção civil relacionada com o incêndio de Pedrógão Grande, determinado à Autoridade pela tutela, está iminente.

“Até lá, não estamos ainda em condições de lhe adiantar números sobre a efetiva extensão do emprego dos meios e recursos dos vários agentes de proteção civil que estiveram no terreno envolvidos nas operações de combate e o esforço de apoio e logística à operação realizada”, indicou a ANPC.

PREJUÍZOS:

– Os prejuízos diretos dos dois incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.

– Estes fogos terão afetado aproximadamente 500 habitações, 169 de primeira habitação, 205 de segunda e 117 já devolutas.

– Quase 50 empresas de Pedrógão Grande e dos concelhos limítrofes foram afetadas, assim como 372 postos de trabalho, estando 20% desses empregos em risco se não forem tomadas medidas, segundo o Governo.

– O incêndio que provocou maior área ardida no distrito de Leiria foi o registado em Pedrógão Grande, que consumiu 20.072 hectares de espaços florestais distritais (80% do total ardido no distrito).

– A área de floresta ardida em Pedrógão Grande é de 81%, segundo o relatório elaborado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro. De acordo com o documento, a área ardida em Figueiró dos Vinhos e em Castanheira de Pera, também no distrito de Leiria, é de 66% e 56%, respetivamente.

– A área total destruída por estes incêndios na região Centro corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares. As chamas consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.

– A CCDR do Centro indica que os concelhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande verificaram igualmente uma área agrícola ardida com significado (25% em média, sendo de 40% no concelho de Pedrógão Grande).

– Os incêndios na zona de Pedrógão Grande fizeram 20 milhões de prejuízos nas atividades agrícolas, segundo o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, nomeadamente com as perdas de plantações (vinhas, pomares), equipamentos ou explorações agrícola.

RECUPERAÇÃO:

– A Comissão Europeia, através do fundo europeu de solidariedade, atribuirá um máximo de 12,5 milhões de euros às zonas da região Centro afetadas pelos incêndios de junho.

O ministro das Infraestruturas e Planeamento, Pedro Marques, referiu que em primeiro lugar estão as primeiras habitações e que o financiamento é a 100%, através do fundo Revita.

Numa segunda linha, existem linhas de crédito para as segundas habitações ou mesmo para casas que estavam devolutas e cujos proprietários as queiram recuperar, através de uma linha de financiamento disponível com condições específicas da Caixa Geral de Depósitos.

– Em relação à recuperação das empresas, o ministro Pedro Marques disse que não será feita a 100% com fundos públicos e adiantou que já foi iniciada a reprogramação do programa Operacional do Centro, sendo certo que conta com a solidariedade da Comissão Europeia, apesar de os fundos estarem orientados para a inovação das empresas.

– O Governo deve investir 100 milhões de euros para um projeto-piloto de gestão florestal do Pinhal Interior, que contará com uma candidatura ao Plano ‘Juncker’.

– Nas medidas de prevenção e de relançamento da economia elencadas no relatório elaborado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), estão previstos 158 milhões de euros para a área da floresta, 100 dos quais para o projeto-piloto de gestão florestal e 58 milhões para arborização e rearborização do território.

– A Associação Portuguesa de Seguradores anunciou a 13 de julho o pagamento de indemnizações no valor de 18,8 milhões de euros pelas seguradoras, depois de um “primeiro apuramento de danos” nas zonas afetadas pelos incêndios de junho, na zona Centro, sobretudo nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, mas esse valor ainda pode aumentar.

AJUDAS:

– Mais de 200 médicos disponibilizaram-se para ajudar populações nos centros de saúde de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, informou, a 21 de junho, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

– A Marinha Portuguesa anunciou a 25 de junho que destacou 154 militares para contribuir para a segurança e apoio imediatos às populações afetadas pelo incêndio que começou em Pedrógão Grande, assim como para a estabilidade psicológica, através de presença visível e apoio diversificado.

– A Ordem dos Advogados disponibilizou ajuda, conjuntamente com as suas congéneres dos Arquitetos e dos Engenheiros, para colaborar na minimização dos danos às vítimas dos incêndios.

– Realizaram-se dezenas de espetáculos musicais e outras iniciativas com vista a angariar fundos para apoiar as vítimas destes incêndios, continuando ainda a decorrer eventos do género. O espetáculo mais mediático, realizado no final de junho no Meo Arena, em Lisboa, rendeu 1,153 milhões de euros.

 

(FONTES: Lusa, Exército, Marinha, Força Aérea, Autoridade Nacional de Proteção Civil)

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