Universidade

Oral natural honra a tradição nacional

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 11-06-2014

A literatura da tradição oral portuguesa deve ser “devidamente valorizada”, dando-lhe uma dimensão nacional, para que “não morra nos arquivos” das autarquias, defendeu hoje a investigadora Graça Capinha, da Universidade de Coimbra (UC).

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Realçando que, em Portugal, “são as câmaras municipais que têm chamado a si a responsabilidade de publicar alguma coisa” nesta área, Graça Capinha lamentou que “tudo se passe a nível local” e não numa perspetiva nacional.

“É um tipo de literatura que não é devidamente valorizada. Parece que temos vergonha dela”, acrescentou.

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A professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) falava à agência Lusa a propósito do simpósio “Ó fala que foste fala: a literatura da tradição oral portuguesa”, do qual é uma das organizadoras e que vai decorrer, em Coimbra, hoje e na quinta-feira.

O estudo, preservação e divulgação da literatura da tradição oral, obra “muitas vezes” de autores analfabetos ou pouco letrados, “não tem tido qualquer tipo de apoio financeiro” em Portugal.

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“Fingimos que esse tipo de literatura não existe, pura e simplesmente”, disse.

Para Graça Capinha, “seria absolutamente fundamental” que – à semelhança dos Estados Unidos e de alguns países europeus, como a Espanha, Irlanda e Finlândia – a literatura da tradição oral portuguesa fosse mais valorizada.

“É muito raro aparecer um festival de poesia popular”, exemplificou, ao defender que caberia também à televisão ter espaços de programação nesta área, com a participação dos autores.

Com o simpósio “Ó fala que foste fala”, as promotoras, Graça Capinha e Maria da Conceição Ruivo, ambas investigadoras do Centro de Estudos Sociais (CES) da UC, pretendem “tomar o pulso à investigação realizada em Portugal sobre uma das vertentes mais poderosas” da sua literatura.

“Precisamos de dar maior relevo e maior dignidade a este tipo de literatura”, que está frequentemente associada a diferentes expressões da música popular, como o cante alentejano, preconizou.

Criticando o “puro elitismo” que alegadamente tem ignorado este domínio da criação literária, Graça Capinha rejeitou o que considera “uma maneira pouco democrática de pensar a literatura”.

Aberto à participação de investigadores, docentes, outros especialistas e estudantes, o simpósio “Ó fala que foste fala: a literatura da tradição oral portuguesa” decorrerá na sala 1 do CES.

As intervenções principais serão da responsabilidade de Ana Paula Guimarães, Arnaldo Saraiva, Cristina Taquelim, Isabel Cardigos, Paulo Lima, Luís Quintais, Feliciano de Mir, Adriana Bebiano, Graça Capinha e Maria da Conceição Ruivo.

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