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Morreu António Arnaut: Coimbra decreta luto municipal

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 21-05-2018

  A Câmara de Coimbra decretou luto municipal, por três dias, e suspendeu a reunião quinzenal do executivo municipal, em homenagem a António Arnaut, que hoje faleceu, aos 82 anos, nesta cidade.

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A decisão de decretar luto municipal foi anunciada pelo presidente da Câmara, o socialista Manuel Machado, no início da reunião camarária de hoje, que, no mesmo sentido, sugeriu a suspensão da sessão (que será retomada na tarde de quinta-feira), proposta que foi aceite por todos os vereadores.

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Manuel Machado, que também é presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), disse ainda que, para além da bandeira do município, também a bandeira da Associação hasteada nos Paços do Concelho de Coimbra, foi colocada a meia haste em sinal de luto.

“Hoje é um dia muito triste para Coimbra, para o país e para a pátria”, afirmou Manuel Machado, sustentando que António Arnaut “desempenhou um papel notável na vida democrática – contra a ditadura e na recriação da democracia” e que foi “um dos principais construtores do Estado social”.

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Na declaração que fez aos jornalistas, após a sessão, o presidente da Câmara de Coimbra lembrou, emocionado, que Arnaut foi o construtor do Serviço Nacional de Saúde (SNS), projeto que constitui “uma experiência única no mundo”.

António Arnaut foi coautor de “muitas coisas importantes que aconteceram nas nossas vidas”, sustentou, durante a reunião do executivo municipal, Manuel Machado, sublinhando designadamente o respeito que Arnaut “sempre teve pelos outros”, incluindo por quem tinha “ideias diferentes” das suas.

O presidente honorário do PS “assumia-se como socialista até na poesia que escreveu e declamou, assumia-se como socialista a cada batalha que travava em prol do SNS”, salientou o vice-presidente da Câmara e líder da Concelhia do PS/Coimbra, Carlos Cidade.

“Hoje e amanhã [Arnaut] servirá de exemplo a todos os socialistas e democratas”, é “uma inspiração para que os camaradas” sejam “teimosos” na “intransigente luta pelos direitos e liberdades de todos”, acrescentou, destacando a sua “impressionante leveza de ser um homem honrado”.

António Arnaut “marcou Coimbra e marcou o país, deixou uma marca profunda na democracia portuguesa, como todos, com certeza, reconhecem”, independentemente das suas opções político-partidárias, afirmou, por seu lado, o vereador social-democrata (eleito no âmbito da coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT) Paulo Leitão.

Para o vereador José Manuel Silva, do movimento Somos Coimbra, e anterior bastonário da Ordem dos Médicos, em António Arnaut sobressai a sua “personalidade ética, culta, determinada, visionária, solidária, transparente, incorruptível e estruturada em valores, que o levou a afastar-se da política e a não querer usufruir dos excessos que observou nos “subterrâneos do poder, onde o Sol se faz sombra”, como escreveu” no seu romance ‘Rio de sombras’.

“Podemos dizer, sem hesitação e sem erro, que a mais relevante obra social do Portugal democrático foi a criação do SNS”, afirmou José Manuel Silva, defendendo que o país deve “este bem inestimável à visão, perseverança, coragem e personalidade” de António Arnaut.

Sustentando que o SNS “foi uma das principais conquistas do 25 de Abril”, o vereador da CDU, Francisco Queirós, manifestou, “enquanto autarca, cidadão, comunista, democrata” e defensor da liberdade, o seu “sentido pesar” pela morte de António Arnaut, deixando “condolências a toda a sua família, incluindo a partidária”.

O corpo de António Arnaut fica em câmara ardente a partir das 18.30 de hoje na antiga igreja do Convento São Francisco, em Coimbra, de onde seguirá na terça-feira, às 16:30, para o crematório da Figueira da Foz.

António Arnaut, advogado, nasceu na Cumeeira, Penela, distrito de Coimbra, em 28 de janeiro de 1936, e estava internado nos hospitais da Universidade de Coimbra.

Presidente honorário do PS desde 2016, António Arnaut foi ministro dos Assuntos Sociais no II Governo Constitucional, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano e foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

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