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Moléculas na pele de anfíbios podem contribuir para prevenir doenças

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 14-01-2020

Um estudo liderado por investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) identificou duas moléculas na pele de anfíbios que podem vir a “contribuir para a prevenção” da leishmaniose, diabetes e doenças neurodegenerativas, revelou hoje a responsável.

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“Até agora, apesar do projeto ser muito inicial, conseguimos identificar duas moléculas que podem vir a ter potencial antioxidante, o que pode contribuir para a prevenção de algumas doenças”, afirmou, em declarações à Lusa, Alexandra Plácido, investigadora do Laboratório Associado para a Química Verde da FCUP, o REQUIMTE.

De acordo com a investigadora, esta descoberta surge no âmbito do ‘VIDA-FROG’, um projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em cerca de 266 mil euros, que tem como objetivo “valorizar a biodiversidade portuguesa” e “descobrir novos fármacos”.

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“O objetivo final deste projeto é a descoberta de novos fármacos, quer sejam antimicrobianos ou antioxidantes, que têm a vantagem de ter um baixo custo de fabrico e que podem ajudar a resolver alguns problemas, quer seja em termos de doenças negligenciadas como é o caso da leishmaniose, quer da diabetes ou na prevenção de doenças neurodegenerativas”, frisou.

Desde abril de 2019, os investigadores têm, por isso, vindo a focar-se no potencial de três espécies de anfíbios que habitam em Portugal: a rã verde (‘Pelophylax perezi’), a salamandra-de-fogo (‘Salamandra salamandra’) e a rã ibérica (‘Rana iberica’).

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“Temos feito expedições na Serra de Valongo, no Parque Natural da Peneda-Gerês e nas ilhas de São Miguel e de Santa Maria, no arquipélago dos Açores”, referiu Alexandra Plácido, adiantando que as mesmas visam “recolher material biológico”.

Através de “técnicas não invasivas”, e “sem infringir sofrimento nos animais”, os investigadores aplicam “uma voltagem baixa” aos anfíbios com o intuito de provocar neles uma contração muscular, isto é, simular aquilo que sentem “perante um predador”.

“A contração muscular faz com que o animal liberte as secreções que tem nas glândulas cutâneas. Portanto, no campo, coletamos essas secreções e deixamos o animal no seu habitat, sendo que, depois, o trabalho é maioritariamente laboratorial”, explicou.

Foi deste trabalho laboratorial, assente no isolamento e caracterização das amostras recolhidas nas expedições, que os investigadores conseguiram identificar estas duas moléculas com potencial terapêutico.

À Lusa, Alexandra Plácido revelou que os investigadores estão agora a dar início aos ensaios biológicos com células do sistema nervoso central, para, efetivamente, “estudar mais a fundo a questão e perceber de que forma é que as moléculas poderão proteger contra algumas doenças”.

Neste projeto, que tem a duração de três anos, estão também envolvidos investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e das Universidades de Brasília e de São Paulo, no Brasil.

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