Mira regressa à normalidade com “o luto feito”

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 13-01-2018

Três meses depois dos incêndios, “o luto está feito e a vida começa a regressar à normalidade” em Mira, graças ao “esforço concertado da população e das autoridades”.

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“Sem o esforço de todos e o apoio das autoridades locais e nacionais não teria sido possível retomar o caminho, depois do terrível golpe que sofremos no dia 15 de outubro [de 2017]”, frisa o presidente da Câmara de Mira, Raul Almeida, cujo concelho teve prejuízos, por causa dos incêndios, superiores a 30 milhões de euros.

O incêndio não provocou vítimas mortais, mas deixou desalojadas dezenas de pessoas, consumiu 60 por cento da mancha florestal do concelho e praticamente reduziu a cinzas a zona industrial.

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As populações tiveram de se organizar desde o primeiro minuto. Os dispersaram-se no combate a dezenas de focos de incêndios e coube aos habitantes de muitas aldeias o combate às chamas com o recurso a maquinaria agrícola e água dos poços.

Esse espírito de solidariedade perdurou e tem servido de inspiração. Desde os incêndios realizaram-se nos dois concelhos eventos solidários de arrecadação de fundos para os Bombeiros locais. A Igreja Católica tem mantido no terreno voluntários que apoiam psicologicamente os mais afetados pela tragédia, um exemplo seguido pela autarquia, que criou equipas de suporte com psicólogos.

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A Cáritas Diocesana, tal como tem feito noutros concelhos do Centro do país, tem apoiado com recursos a reconstrução de habitações. Em Mira, fez donativos a pequenos agricultores, havendo casos em que financiou a substituição de alfaias agrícolas e tratores.

Foram criados gabinetes de apoio aos cidadãos que, numa primeira fase, fizeram o levantamento dos estragos. Numa segunda fase ajudaram a preparar candidaturas aos fundos de apoio disponibilizados pelo Governo, sobretudo na área agrícola. Neste setor, foram já despachados dezenas de processos de indemnizações de prejuízos até cinco mil euros.

Mas é precisamente no setor agrícola que existem mais queixas. Não só sobre o processo burocrático, mas sobretudo sobre o valor das indemnizações, que são mais baixas do que para a reconstrução de casas ou de empresas.

É no setor industrial que os efeitos da recuperação são mais visíveis. Mira, sobretudo, foi muito afetado neste setor, mas a tenacidade dos empresários surpreendeu até o Presidente da República, que durante uma visita às zonas industriais manifestou surpresa e agrado pela recuperação.

Os responsáveis autárquicos concordaram em agilizar os processos de reconstrução e relocalização de algumas empresas, tendo sido feitas alterações no Plano Diretor Municipal.

O objetivo  é criar rapidamente condições para manter todos os postos de trabalho nas empresas afetadas pelos incêndios.

Esse objetivo terá sido, até agora, alcançado, mas, como frisa um empresário de Mira que prefere não ser identificado, “todo esse esforço pode ir água abaixo” se houver demoras na entrega dos apoios financeiros e nas indemnizações dos seguros.

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