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Manifesto defende investimento na ferrovia para evitar isolamento de Portugal

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 26-02-2018

Os subscritores do manifesto “Portugal – Uma ilha ferroviária na União Europeia”, hoje apresentado em Lisboa, alertaram para o risco de isolamento do país se não houver investimento na modernização da ferrovia.

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Mira Amaral, promotor e um dos subscritores do manifesto, explicou que o documento “tenta chamar a atenção da opinião pública, em geral, e das pessoas mais ligadas ao setor ferroviário, em particular, para o facto de Portugal se arriscar a ficar uma ilha ferroviária no contexto europeu”.

Isto porque, argumentou à Lusa, “Espanha está a modernizar a sua rede ferroviária introduzindo a bitola [largura da via férrea] europeia, que é aquela bitola, como o nome indica, que se utiliza nos outros países europeus” e “Portugal nada fez ou nada está a fazer nessa matéria”.

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“Portanto, chegará o momento em que os espanhóis têm uma rede de bitola europeia moderna que se liga à Europa e nós ficamos aqui na ponta da Europa isolados naquilo a que chamamos a ilha ferroviária”, continuou o ex-ministro.

Mira Amaral disse que tal terá implicação no transporte das mercadorias em Portugal, tendo em conta que 70% das exportações vão para o centro europeu.

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Portugal tem uma bitola ibérica que não é compatível com a bitola europeia [há uma diferença na largura dos carris da via ferroviária entre a denominada ibérica e a europeia], pelo que as mercadorias, chegadas à fronteira com Espanha, têm de ser mudadas de comboio.

“A isso chama-se na economia aumentar os custos de transação para a economia portuguesa, consideramos que há aqui uma questão óbvia de competitividade para as empresas portuguesas que não está a ser acautelada”, sublinhou o ex-ministro.

Mira Amaral referiu que o documento, subscrito por perto de 40 pessoas, entre os quais os empresários Henrique Neto e Patrick Monteiro de Barros, tenta “chamar a atenção para que é necessário também investir na modernização” da linha ferroviária.

“E, já que vamos investir nessa modernização, então devemos fazê-lo, como é óbvio, em bitola europeia para termos perfeita interoperabilidade com a rede espanhola. Foram estas motivações do manifesto”, disse, adiantando que tal foi apresentado ao Presidente da República, que se manifestou disponível para encerrar a conferência “A Solução Ferroviária”.

A iniciativa, que decorre na quarta-feira no auditório nacional da Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, será encerrada por Marcelo Rebelo de Sousa e contará também com a participação do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

Questionado sobre o compromisso dos Estados-membros da União Europeia em construírem os eixos principais nacionais do Corredor Atlântico em bitola europeia até 2030, Mira Amaral apontou que os projetos têm de ser pensados.

“Estas coisas levam tempo, têm de se fazer projetos”, depois é preciso ter financiamento e construir e “o que vemos é uma total inação nessa matéria. Estamos muito preocupados com a inação do Governo português”, afirmou.

“Se começássemos imediatamente, acho que ainda conseguiríamos atingir esse objetivo, o problema como sabe é que o primeiro-ministro português declarou que este era um assunto tabu. Em democracia, que eu saiba, não há tabus, tudo deve ser discutido, é isso que nós queremos discutir sem tabus”, disse Mira Amaral, afirmando esperar que a presença do chefe do Estado na conferência permita que o assunto seja debatido.

Por sua vez, Luís Cabral da Silva, subscritor do manifesto, engenheiro e especialista em transportes, adiantou que Portugal tem de saber aproveitar os quadros comunitários de apoio, apontando que atualmente o país está no meio de um e nem sequer se candidatou no âmbito da ferrovia.

“Para cumprir o prazo de 2030 para completar a rede principal – Corredor Atlântico – temos de nos encaixar no próximo quadro comunitário (2021-2027), só que o dinheiro não aparece só por milagre. Temos que primeiro apresentar projetos credíveis”, disse, acrescentando que “só há um projeto” que atualmente “pode ser posto à aprovação”, que é Poceirão-Caia.

Mário Ribeiro, engenheiro e subscritor do manifesto, considerou, por sua vez, que Portugal ainda terá “uma hipótese” com uma ligação internacional de alta velocidade para tráfego misto.

“A única ligação que temos é o chamado corredor internacional sul, que vai de Sines/Lisboa, Poceirão, Badajoz, Madrid, Paris e por aí fora”, considerou, salientado que se o país abandonar o investimento da atual Ferrovia 2020, que mantém a linha em bitola ibérica, e se “concentrasse neste troço internacional (…)”, então “há uma hipótese de ligação à Europa”.

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