Saúde

Luto: O que fazer quando perdemos alguém?

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 14-03-2023

O luto é um ato natural que ocorre devido à perda de uma pessoa ou de algo importante. Numa situação de luto, perante a perceção de perda, são experienciadas reações psicológicas, sociais e somáticas, naturais e esperadas face à situação.

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Há quatro tipos de sintoma que de forma comum surgem durante o processo de luto. Sintomas físicos, emocionais, sociais e comportamentais, no que diz respeito ao primeiro grupo envolve “hiperatividade ou baixa atividade, irrealidade, dores somáticas, alterações no apetite, flutuações de peso, cansaço, problemas de sono, falta de ar e aperto na garganta”. Já os emocionais são “tristeza, raiva, alívio, medo, solidão, saudade, ansiedade, abandono, falta de sentido, apatia e vulnerabilidade”, como descreve a psicóloga Ana Graça.

Sintomas sociais são aqueles que envolvem a “dependência, afastamento e evitamento dos outros e ainda a falta de iniciativa”; os comportamentais envolvem a “procura pela pessoa falecida, sentir a presença da pessoa falecida e não ter objetivos definidos, não falar sobre o que aconteceu para não deixar os outros desconfortáveis e a necessidade de contar a história da morte da pessoa querida”, explicou.

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Também é de sublinhar as três fases de luto. A primeira é o “choque e a negação – processo de evitamento, com características como entorpecimento, incredulidade, procura.” A segunda é “a desorganização e o desespero: é um processo de consciencialização, com dor emocional, preocupações e recordações recorrentes, dificuldades de memória a curto prazo, desespero, perda de objetivos, isolamento e sintomas físicos” e a última é a “reorganização e consequente recuperação, um processo de restabelecimento e de reajustamento ao novo mundo e reinvestimento identitário.”

Mas o que fazer para pelo menos atenuar um pouco a dor? Há determinadas tarefas que têm de ser concretizadas para que se restabeleça o equilíbrio e para que o processo de luto fique concluído.

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Aceitar a realidade da perda é uma delas, como explica Ana Graça: “Quando alguém que amamos morre, mesmo que essa seja uma morte de alguma forma previsível, há sempre um sentimento de que tal não aconteceu. Assim, para superar o sofrimento e ultrapassar o processo de luto, a primeira tarefa passa por aceitar a inevitabilidade da perda, aceitar que a pessoa que amamos não irá voltar. Muitas pessoas recusam-se a acreditar e a aceitar esta realidade, ficam paralisadas. De facto, aceitar a realidade da perda leva tempo, já que envolve não só uma aceitação intelectual, mas também emocional, esta última mais morosa e dolorosa. Apesar de levar inevitavelmente tempo e ser uma tarefa difícil de concluir, os rituais tradicionais, como o funeral, parecem ajudar na aceitação da perda.”

O passo seguinte é trabalhar a dor da perda. E como? “Perder alguém que amamos pode provocar diferentes tipos de dor (física; emocional). Evitar ou suprimir essa dor irá, muito provavelmente, prolongar o processo de luto e o sofrimento. Assim sendo, é importante que a dor da perda seja reconhecida, vivida e legitimada”, mencionou.

A psicóloga explica a fase seguinte. “Ajustar-se ao ambiente onde está a faltar a pessoa que faleceu: o ajuste ao novo ambiente depende muito da relação que se tinha com a pessoa falecida e dos vários papéis que esta desempenhava. Por exemplo, no caso de um casal, a perda de um dos cônjuges pode significar muitas perdas, dependendo dos papéis que este normalmente desempenhava (por exemplo, um parceiro sexual; um amigo; um bom gestor das finanças familiares; etc.).”

Por último, “reposicionar em termos emocionais a pessoa que faleceu e continuar a vida. Esta última e importante tarefa passa por encontrar um local adequado na vida emocional para a pessoa que faleceu, que ao mesmo tempo permita à pessoa enlutada viver bem no presente. O processo de luto termina quando a pessoa enlutada deixar de sentir a necessidade de reativar a representação da pessoa falecida com uma intensidade exagerada no dia-a-dia. Para muitas pessoas, esta é a tarefa mais difícil de alcançar, contudo, pode ser alcançada e a pessoa enlutada acaba por perceber que pode voltar a amar sem deixar de amar a pessoa que perdeu.”

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