Cidade

Jardim da Manga em Coimbra com instalação que convoca sons ali criados há 400 anos

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 13-11-2019

O Jardim da Manga, em Coimbra, vai ser palco para uma instalação sonora que convoca composições musicais, a maioria ali criadas e interpretadas há mais de 400 anos, quando aquele espaço era parte do Mosteiro de Santa Cruz.

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O Jardim da Manga, que outrora foi parte do claustro do Mosteiro de Santa Cruz, vai acolher a instalação sonora interativa “Fons Vitae”, numa iniciativa integrada na programação convergente da bienal Anozero’19, que recorda a importante atividade musical daquele espaço ao longo dos séculos XVI e XVII.

Naquele espaço, a partir de sexta-feira, será possível ouvir composições musicais que foram interpretadas e criadas há mais de 400 anos no Mosteiro de Santa Cruz e que têm sido recuperadas pela Universidade de Coimbra (UC), através de um projeto dos Estudos Artísticos que tem estudado e catalogado as composições que estavam arquivadas no fundo musical da Biblioteca Geral, contou à agência Lusa o diretor do Jazz ao Centro Clube (JACC), José Miguel Pereira.

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Desta vez, em vez de um programa de música associado à bienal, o JACC decidiu desafiar Ricardo Vieira, da Digitópia, para criar uma instalação sonora com base nas gravações dos grupos Bando de Surunyo e Capella Sanctae Crucis, que têm vindo a recuperar as composições catalogadas e estudadas na Universidade de Coimbra, que passam a ser ouvidas mais de quatro séculos depois, explicou.

No Jardim da Manga, foi desenvolvida uma instalação sonora interativa, em que foram colocados oito microfones de contacto nas colunas da cúpula central da fonte e criado um sistema em que a interação e movimento das pessoas no espaço levarão a que sejam ativados sons, retirados das músicas dos dois grupos que têm recuperado as composições que estavam no Mosteiro de Santa Cruz.

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“O movimento das pessoas no local e o toque nas colunas da cúpula central vai lançar ficheiros de som que vão criar uma banda sonora em tempo real. Uma espécie de composição instantânea”, aclarou José Miguel Pereira, referindo que a intensidade dos sons que vão saindo também depende da intensidade com que as pessoas tocam nas colunas da cúpula, onde estão os microfones de contacto.

Segundo o diretor do JACC, a ferramenta criada por Ricardo Vieira “permite uma análise das características musicais de cada peça e a composição em tempo real não tem uma mistura aleatória”, analisando “características como a pulsação ou a tonalidade” de cada som.

Ao longo do dia, a instalação, mesmo quando não há interação por parte das pessoas, emite um som contínuo, a ecoar na cúpula.

“É uma experiência imersiva e ninguém terá uma experiência igual, em qualquer das vezes que visitar o espaço. A composição criada será sempre única e irrepetível”, vincou José Miguel Pereira.

Esta instalação pretende assinalar também a reabilitação do Jardim da Manga, obra feita após o desafio lançado pela bienal à Câmara Municipal de Coimbra e à Direção Regional de Cultura do Centro.

“Em todas as edições procuramos pôr a atenção num espaço novo. Esse também é o propósito da bienal, que é alargar o espetro patrimonial da cidade e não ficarmos concentrados naquilo que a UNESCO designou como Património da Humanidade”, afirmou o diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Carlos Antunes.

Segundo o responsável, muitos já se esqueceram que “esta fonte era a fonte de um claustro renascentista, uma representação dos jardins do paraíso”, sendo que a organização da bienal não queria ali colocar uma obra material, mas sim uma peça musical que pudesse fazer uma ligação à história do espaço.

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