Coimbra

Investigadores do CES vencem Prémio Fernão Mendes Pinto

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 28-03-2014

O Conselho de Administração da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) atribuiu o Prémio Fernão Mendes Pinto de 2012 a Pedro Góis, investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, pela dissertação de doutoramento “A Construção secular de uma identidade étnica transnacional: a cabo-verdianidade”, realizada na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e o Prémio Fernão Mendes Pinto de 2013 a Odair Varela, pela tese de doutoramento “Mestiçagem Jurídica? O Estado e a Participação Local na Justiça em Cabo Verde: uma análise pós-colonial”, realizada no âmbito do CES e da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

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Sobre o trabalho premiado, Pedro Góis refere que «procuramos demonstrar que a “identidade étnica transnacional cabo-verdiana” vem sendo construída continuamente ao longo dos últimos séculos enquanto fenómeno social e sociológico. Existe não porque exista (apenas) uma crença que supõe a sua existência mas por que há ações, interações e relações sociais que, analisadas longitudinalmente, comprovam a sua existência. Referimos exemplos diversos desta atividade nos EUA, em Portugal, em Cabo Verde ou na Argentina. Defendemos que não existe [não poderia nunca existir] uma (única) identidade étnica cabo-verdiana geral, mas que, ao contrário, estamos em presença de uma (re)construção étnica múltipla e, portanto diferente em cada um dos países onde existem comunidades imigradas (e no arquipélago de Cabo Verde), resultante, por um lado, do confronto com os “outros” diferenciadores e, numa outra vertente, dos contextos e conjunturas em que ocorre essa interação. Concluímos defendendo que a “etnicidade” é contextual e que através do exemplo cabo-verdiano ela é um dos alicerces das modernas formas de “identidade étnica transnacional”.»

Por seu lado, Odair Varela enfatiza o seu trabalho galardoado como «análise pós-colonial do papel do Estado cabo-verdiano no que tange à participação local na justiça implicou, mediante a utilização de ferramentas epistemológicas conferidas pelos Estudos Pós-coloniais, uma contextualização sócio-histórica crítica da especificidade do Estado moderno nesse país a partir da intercessão colonial portuguesa visando expor as continuidades ou presenças, as rupturas, (des)continuidades ou transformações das características político-jurídicas coloniais no período após a independência. Para além do aprofundamento do carácter inter-transdisciplinar e transdisciplinar da pesquisa – o que permitiu a navegação, de forma enriquecedora, por campos disciplinares como os de Ciência Política, Relações Internacionais, História, Antropologia ou Estudos Literários –, a feição in-disciplinar do campo dos Estudos Póscoloniais faculta, por outro lado, pôr em causa a própria configuração disciplinar eurocêntrica e colonial presente na Ciência Moderna a qual, evidentemente, nem esse campo consegue escapar dado que, por exemplo, o seu actual paradigma epistemológico não reconhece, ou deixa praticamente de fora, o potencial de contribuição e enriquecimento que os saberes ou conhecimentos produzidos no Sul Global podem trazer para o seu ‘cânone’.»

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O Prémio Fernão Mendes Pinto, organizado pela Associação de Universidades de Língua Portuguesa (AULP) em parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), destina-se a galardoar anualmente uma tese de mestrado ou doutoramento que contribua para a aproximação das comunidades de língua portuguesa, defendida durante o ano civil anterior ao que se reporta o galardão.

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