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Investigadora do Politécnico de Coimbra conclui que cirurgia de implante coclear tem impacto no equilíbrio

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 22-02-2023

A Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC) lança, hoje, às 16h00, o 27º volume da coleção Ciência, Saúde e Inovação – Teses de Doutoramento.  Com o título “Os Efeitos da Cirurgia de Implante Coclear no Sistema Vestibular e no Equilíbrio Postural”, o livro apresenta um estudo da docente e investigadora da ESTeSC-IPC, Inês Araújo, que analisou o impacto da colocação de implantes cocleares nos sintomas de equilíbrio/vertigem de indivíduos com perda auditiva severa a profunda.

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A investigação permitiu confirmar que as pessoas que vivem com perda auditiva severa a profunda têm maior probabilidade de ter problemas de equilibro/vertigem. “A maioria dos candidatos à realização de Implante Coclear (IC) apresentou um comprometimento da função vestibular e um défice no desempenho no equilíbrio postural”, explica a investigadora, concluindo-se assim que “a perda auditiva de grau profundo está a associada a um comprometimento da função vestibular”.

A realização de cirurgia de implante coclear tem impacto na função vestibular, com consequências distintas consoante a sintomatologia prévia dos indivíduos: as pessoas que já apresentam alterações no sistema vestibular antes da cirurgia podem piorar após a intervenção cirúrgica; já os indivíduos que não apresentam sintomas de vertigem antes da cirurgia revelam melhorias no equilíbrio após a colocação de IC.

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“A ocorrência de sintomas vestibulares antes da cirurgia é indicativa da sua presença após a intervenção cirúrgica, com maior agravamento da intensidade, durante a primeira semana”, descreve a investigadora, explicando que órgãos otolíticos são as estruturas mais afetadas com a intervenção cirúrgica, seguidos do canal semicircular horizontal, principalmente no ouvido implantado. Ainda assim, a realização de reabilitação vestibular iniciada duas semanas após a cirurgia ajudou a melhorar o desempenho do equilíbrio postural e a qualidade de vida dos indivíduos, o que sugere que esta terapia acelera os mecanismos relacionados com a compensação vestibular.

O facto de os indivíduos que não apresentavam sintomas vestibulares terem melhorado o seu equilíbrio postural após a cirurgia indica, por sua vez, que o processo de compensação vestibular se inicia logo após a ativação do IC, explica Inês Araújo.

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A investigação “Os Efeitos da Cirurgia de Implante Coclear no Sistema Vestibular e no Equilíbrio Postural” foi realizada no âmbito da tese de doutoramento de Inês Araújo, apresentada à Universidade de Coimbra. O trabalho resulta da realização de três estudos: dois deles aplicados a uma amostra de indivíduos, de ambos os sexos, com perda auditiva bilateral severa a profunda, submetidos à cirurgia de IC unilateral; e um terceiro estudo realizado com uma amostra de indivíduos que apresentavam sintomas vestibulares com duração superior a duas semanas após a intervenção cirúrgica.

O implante coclear é uma opção terapêutica para reabilitar indivíduos com perda auditiva, que não beneficiam do uso de aparelhos auditivos convencionais. Este implante estimula diretamente o nervo auditivo, com o objetivo de proporcionar sensação auditiva e compreensão da fala. Segundo a literatura, pelo facto de os sistemas vestibular e coclear partilharem a mesma origem anatómica e embriológica, existe uma estreita relação entre a perda de audição e a deterioração da função vestibular, mesmo antes da cirurgia de IC. Apesar do IC não interferir diretamente com o sistema vestibular, são vários os estudos que mencionam a incidência de sintomas vestibulares e a modificação do funcionamento do sistema vestibular após a cirurgia.

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