Coimbra

Investigadora de Coimbra diz que Bombeiros apresentam sinais de stress pós-traumático

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 14-06-2018

  Alguns bombeiros que combateram nos incêndios de 2017, nomeadamente no de Pedrógão Grande, apresentam sinais de stress pós-traumático, disse à agência Lusa uma investigadora da Universidade de Coimbra.

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A investigadora do Centro de Trauma da Universidade de Coimbra e estudante de doutoramento da Faculdade de Psicologia Joana Becker está a realizar trabalho no terreno, junto de bombeiros que participaram no combate às chamas em 2017, nomeadamente no grande incêndio de Pedrógão Grande.

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Dos 32 questionários respondidos nas corporações de bombeiros de Castelo Branco, Cernache do Bonjardim (Sertã) e Pampilhosa da Serra, a investigadora identificou 23 bombeiros que “apresentam sinais de stress pós-traumático”.

Os resultados dos questionários que já elaborou mostram uma “prevalência elevada” dos sinais de stress pós-traumático, acrescenta.

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Depois de ter realizado um mestrado em torno do stress pós-traumático em veteranos da guerra colonial, Joana Becker está a desenvolver uma tese de doutoramento sobre o impacto da psicoterapia dinâmica (identifica e aborda emoções e processos inconscientes que resultam numa ampla gama de sintomas, como depressão, ansiedade e somatização) em bombeiros com sinais de stress.

O trabalho no terreno começou em abril, sendo que, para além de aplicar questionários, está a fazer consultas de psicoterapia uma a duas vezes por semana nas corporações de bombeiros de Cernache do Bonjardim e de Castelo Branco.

Até ao final deste ano, a investigadora pretende aplicar os questionários a 250 bombeiros da região Centro e, em 2019, pretende fazer atendimento em mais uma ou duas corporações da região Centro.

“Os bombeiros trabalharam muitas horas sem descanso e viram pessoas em sofrimento, que perderam tudo”, disse à agência Lusa a investigadora, realçando o sentimento de impotência perante o descontrolo das chamas, a sua gravidade e extensão.

De acordo com Joana Becker, a maioria apresenta perturbação do sono, assim como stress e ansiedade ao se recordarem ou relatarem determinada situação no combate ao fogo, para além de haver um “sentimento de culpa, que é muito comum no caso de bombeiros”.

“Os bombeiros estão acostumados aos incêndios florestais, mas este foi um fogo anormal”, vincou.

Os bombeiros “têm uma profissão de risco e deveria haver uma atenção maior sobre o tratamento. Acho muito positivo a forma como os bombeiros e os comandantes viram o meu trabalho. Estão mais abertos para ouvir uma psicóloga e nota-se que se está a perder esse preconceito”, sublinhou a investigadora do Centro de Trauma.

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