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Investigador da UC defende “floresta de uso múltiplo” que também é rentável

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 16-07-2017

A floresta portuguesa pode ser rentável em muitas outras áreas que não apenas a produção de madeira, afirma o diretor do núcleo de investigação de incêndios florestais da Universidade de Coimbra, Luciano Lourenço, defendendo a “floresta de uso múltiplo”.

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INTERIOR

“Cogumelos e apicultura são dois exemplos simples de formas de ocupar a população a fazer outras coisas que não apenas gestão florestal”, indicou o investigador, referindo ainda que a floresta pode ser utilizada para o cultivo de frutos silvestres e frutos secos.

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De acordo com Luciano Lourenço, a floresta de uso múltiplo permite criar descontinuidade da arborização, pelo que a implementação deste conceito teria “vantagens inegáveis” em termos de defesa da floresta contra incêndios.

Atualmente, “não há descontinuidade, nem sequer junto às casas, para impedir a progressão do incêndio”, indicou o investigador da Universidade de Coimbra, referindo que a interrupção da arborização nas florestas, “mesmo que não impeça a progressão, pelo menos cria condições para os bombeiros poderem combater os incêndios em melhores condições”.

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“Se tivermos uma floresta compartimentada, podemos definir uma estratégia de combate completamente diferente daquela que tem que ser definida agora de andar a correr um pouco atrás do incêndio, porque a floresta é contínua”, reforçou Luciano Lourenço, que já exerceu funções de diretor-geral da Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais e de presidente da Escola Nacional de Bombeiros.

Para o investigador, as faixas de gestão de combustível podem ajudar a delinear uma estratégia de combate aos incêndios, mas o problema é que os proprietários não cumprem com essa regra.

“A prevenção estrutural quase que não existe e, por isso, cada proprietário na sua terra, no seu terreno, planta aquilo que entende e normalmente é eucalipto, e o vizinho do lado planta eucalipto e o outro planta eucalipto, e como a dimensão da propriedade é pequena, se ele fosse construir a faixa, provavelmente não podia plantar nada no seu terreno”, referiu.

Neste sentido, o diretor do núcleo de investigação de incêndios florestais defendeu que a ocupação do solo deve ser “diferente da atual, nomeadamente intercalando espécies”.

“Não significa que as faixas tenham que ser completamente limpas de vegetação, o que se deve evitar é ter estas manchas contínuas de hectares e hectares consecutivos da mesma espécie quando há linhas de água que podem ser aproveitadas. Têm mais humidade […] para amortecer a progressão do incêndio e, conjugando espécies é possível, provavelmente melhorar o mosaico florestal”, advogou o investigador.

Em relação ao processo de reflorestação da região Centro devido aos incêndios de junho, Luciano Lourenço aconselhou a implementação de um projeto que “não se esgote num curto prazo, no imediato, que é aquilo que normalmente acontece”.

“A floresta não se esgota num prazo médio de 10, 20, 30 anos. Se for pensada corretamente, a floresta pode produzir durante vários anos”, disse, reforçando que podem associar-se outras componentes à floresta para que não seja apenas a produção de madeira.

O responsável assegurou que “a floresta pode ser rentável em muitas outras áreas, em muitos outros setores, pode atrair população se vierem a ser cultivadas outras espécies em complemento das árvores”.

Há um mês, o incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou 64 mortos e mais de 200 feridos. Em conjunto com o fogo de Góis, no distrito de Coimbra, consumiu mais de 53.000 hectares.

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