Saúde

Investigação alerta para o combate ao HIV e que deve ter “diferentes políticas em diferentes lugares”

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 30-11-2021

Um grupo de investigadores portugueses e brasileiros alertou para a necessidade de haver “diferentes políticas em diferentes lugares” no combate ao Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), tendo em conta a variação genética do vírus predominante.

PUBLICIDADE

Em declarações à Lusa, o investigador Nuno Osório, da Universidade do Minho, explicou que a investigação, feita em conjunto com investigadores da Universidade Federal de São Carlos, no Brasil, e publicada na Scientific Reports, aponta ainda “novas explicações” para as diferenças geográficas na distribuição dos subtipos [mutações genéticas] do VIH no mundo.

O VIH afeta e enfraquece o sistema imunitário, responsável pela defesa do organismo de infeções e doenças, levando ao aparecimento do Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA).

PUBLICIDADE

“A prevalência de cada subtipo de VIH varia consoante a zona do globo, pelo que as políticas de prevenção do VIH-1/SIDA devem incorporar este conhecimento científico para serem mais eficazes”, disse Nuno Osório, salientando que o estudo incidiu sobre o subtipo B e o subtipo C.

“Estes são os subtipos mais relevantes em termos de infeção, mas a maioria da investigação científica é focada no subtipo B por ser o mais prevalente na Europa e América do Norte. No entanto, os resultados não serão sempre necessariamente aplicáveis ao subtipo C, o mais comum no mundo em desenvolvimento”, referiu.

PUBLICIDADE

publicidade

Nuno Osório salientou que ambos os subtipos “são altamente capazes de se replicar, atingindo cargas virais elevadas nas pessoas infetadas sem tratamento, mas o subtipo B parece causar mais rapidamente deficiência imune do que o C”.

Segundo o investigador, o trabalho desenvolvido apontou que “estes dois subtipos têm diferenças importantes entre eles”.

O subtipo C, disse, “é mais frequente em mulheres e pessoas jovens, podendo estar mais adaptado a estes hospedeiros ou a vias de transmissão que envolvem homens e mulheres, ou mulheres e crianças”.

O investigador explicou que “locais com maior pobreza, desigualdades de género e menor qualidade nos cuidados médicos também podem favorecer” a transmissão daquele subtipo do vírus.

Tomando como exemplo o Brasil, Nuno Osório apontou algumas medidas “apropriadas e pensadas” para o sul daquele país na América Latina como exemplo da coordenação de políticas com o conhecimento científico.

“No sul do Brasil há uma prevalência do subtipo C. Há um passado histórico que pode ter influenciado esta prevalência, com a escravatura e hábitos como o recurso a amas de leite, um costume muito enraizado que apresenta riscos para a transmissão do VIH e que deve ser combatido”, referiu o investigador.

Se no sul do Brasil é o subtipo C que tem prevalência, no sudeste é o subtipo B que tem mais incidência: “São duas zonas fronteiras mas esta já foi mais marcada pela imigração vinda da Europa, onde prevalece o subtipo B”, adiantou.

Para os investigadores, as medidas políticas e sociais de combate ao VIH devem estar “aliadas ao conhecimento científico válido”.

“O caminho para um combate eficaz deve passar por medidas direcionadas para cada zona, tendo em conta a prevalência de cada subtipo”, alertou.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE